"Esta é uma forma de continuar a homenagear o meu pai", disse hoje à agência Lusa o advogado António Manuel Arnaut, filho de António Duarte Arnaut, que nasceu na Cumieira, concelho de Penela, em 28 de janeiro de 1936, e morreu em Coimbra, em 21 de maio de 2018.
António Manuel Arnaut realçou que a família, com a publicação póstuma da obra 'Poemas de Outono e Inverno -- Poemas da Finitude', quer "cumprir o desejo" do principal impulsionador do SNS, que esteve na criação do PS, em 1973, e que na sequência da revolução do 25 de Abril de 1974 integrou a Assembleia Constituinte e o segundo governo de Mário Soares.
O filho de António Arnaut contou que os quase 50 poemas reproduzidos no livro de 130 páginas, editado pela Minerva Coimbra, "foram escritos já ele estava doente" e alguns foram mesmo concebidos durante os internamentos no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
"António Arnaut afirmou várias vezes que o SNS foi o seu melhor poema, mas a sua vida foi pautada por muitos e grandiosos poemas", salienta a editora, Isabel Carvalho Garcia.
Numa nota ao livro, intitulada 'António Arnaut -- a grandiosidade de uma vida em forma de poesia', Isabel Garcia considera que o antigo deputado e ministro dos Assuntos Sociais afirmou-se na sociedade portuguesa como "expoente máximo da ética" e ao serviço "de todas as grandes causas da Humanidade".
Advogado, político e escritor, exerceu também o cargo de grão-mestre do Grande Oriente Lusitano -- Maçonaria Portuguesa, no início do século.
Escreveu mais de 40 livros, entre poesia e prosa, incluindo nas áreas cívica, jurídica e maçónica.
Em outubro de 2017, ainda em vida, publicou 'Um homem que partiu do seu regresso e outros poemas', dez anos após a edição do seu único romance, 'Rio de Sombras', em que preponderam episódios ficcionados de caráter histórico-político que o autor situa num período de 20 anos, de 1968 a 1988.
'Poemas de Outono e Inverno', escritos entre 21 de dezembro de 2017 e 16 de maio de 2018, "são agora publicados nesta editora por vontade expressa do autor", informa Isabel Garcia.
Há um ano, o lançamento do livro 'Salvar o SNS - Uma nova Lei de Bases da Saúde para defender a democracia', redigido em coautoria com o médico e antigo coordenador do Bloco João Semedo, foi o seu derradeiro contributo para preservar o SNS.
Entretanto, cidadãos de diferentes quadrantes políticos acabam de criar em Coimbra o Observatório de Saúde António Arnaut, coordenado por Américo Figueiredo, professor catedrático e médico do CHUC, para defender a modernização e a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.
A apresentação de 'Poemas de Outono e Inverno', a cargo de Delfim Ferreira Leão, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), realiza-se na segunda-feira, às 18:30, na Casa Municipal da Cultura de Coimbra.