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Museu francês recria coleção de porcelana do teto do Palácio de Santos

Uma réplica em três dimensões do teto e dos mais de 260 pratos de porcelana chinesa dos séculos XVI e XVII, do palácio lisboeta pertence à Embaixada de França em Portugal, está em exposição em Paris.

Museu francês recria coleção de porcelana do teto do Palácio de Santos
Notícias ao Minuto

11:27 - 29/03/19 por Lusa

Cultura 3D

Antiga residência da família Lencastre, o Palácio de Santos teve uma das primeiras salas no mundo dedicadas à porcelana chinesa e o seu teto sobreviveu intacto até hoje.

É esta curiosidade e riqueza do início do comércio entre Portugal e a China que a exposição 'Un firmament de porcelaines, de la China a l'Europe' (Um firmamento de porcelanas, da China à Europa, em português), no Museu Guimet - Museu Nacional das Artes Asiáticas, na capital francesa, pretende mostrar.

"Trata-se do encontro entre o Oriente e o Ocidente, é um conjunto de pratos muito coerente, são porcelanas feitas para a exportação e que eram consideradas como um luxo. Por isso, eram colecionadas pela família Lencastre. É um capítulo magnífico do comércio global e sabemos o papel essencial que Portugal teve na história deste comércio e na formação do mundo como o vemos hoje em dia", disse Sophie Makariou, presidente do Museu Guimet, em declarações à agência Lusa.

O Palácio de Santos é onde se situa hoje a Embaixada de França em Portugal e, no seguimento do restauro do teto em madeira da sala das porcelanas, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, em conjunto com o Museu Guimet, decidiu catalogar exaustivamente os 261 pratos que ali estão suspensos desde o século XVII.

Sophie Makariou qualificou esta coleção como "um milagre", já que sobreviveu ao terramoto de 1755, provavelmente devido à estrutura em triângulo do teto.

No âmbito deste estudo exaustivo, surgiu o projeto de levar este acervo "tão extraordinário", como o considera a presidente do museu, a outros públicos e aprofundar o conhecimento sobre a produção destas peças na China e a sua receção em Lisboa, criando, assim, um eixo que liga investigadores franceses, chineses e portugueses.

"Foi importante dar a conhecer este conjunto aos nossos colegas chineses e de nos apercebermos que podíamos ir ao encontro aos dois lados desta rota comercial: trabalhar com a China sobre a produção e exportação destes objetos e com os nossos colegas portugueses sobre a chegada destas peças, o próprio Palácio de Santos e de como a receção desta porcelana influenciou a porcelana na Europa", indicou Sophie Makariou.

Desenvolveu-se, então, esta exposição que, além de um teto em 3D onde estão representados ao detalhe todos os pratos, conta ainda com outras peças contemporâneas chinesas, alguns dos primeiros exemplos de faiança portuguesa inspirada pela porcelana chinesa e faiança francesa e alemã também com motivos azul e branco.

"Esta porcelana chinesa influenciou o mundo e formou um capítulo do gosto que é partilhado por todos nós. Esta ideia do branco e do azul chega à Europa e influencia a faiança em Portugal, mas depois a faiança de Nevers, em França, e a faiança de Delf, na Alemanha", referiu a diretora do Museu Guimet.

As peças portuguesas foram emprestadas pelo Museu Nacional de Arte Antiga e colecionadores privados, havendo ainda um quadro de Bento Coelho da Silveira que mostra o milagre de S. Francisco Xavier e que, na sua composição, tem representados exemplos de porcelana azul e branca. Este quadro nunca tinha saído de Portugal.

A exposição está patente no Museu Guimet até 10 de junho. Depois, seguirá para a China, com uma nova mostra em Xangai, em 2020, e outra na cidade Shenyang, em 2021.

O principal mecenas da exposição e da investigação sobre esta coleção é a Fundação Michelin, mas contou também com o apoio nacional da Fundação Gaudium Magnum - Maria e João Cortez de Lobão.

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