Jamaica pede devolução de dois artefactos antigos ao Museu Britânico
A ministra da Cultura da Jamaica, Olivia Grange, quer que o Museu Britânico devolva duas peças com mais de quinhentos anos que foram levadas quando a ilha era uma colónia, noticia hoje o jornal The Guardian.
© Getty Images
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De acordo com a notícia publicada na edição ´online" do diário, o Governo jamaicano pediu a repatriação de uma escultura em madeira que representa o deus da chuva Boiyanel, e uma outra escultura de uma figura com um homem-pássaro encontrada numa caverna, em 1792.
Este pedido surge numa altura em que cresce o debate sobre se instituições culturais como o Museu Britânico devem ter à sua guarda objetos significativos para as culturas e países de origem.
Grange fez esta exigência no parlamento jamaicano há uma semana, de acordo com o jornal The Jamaica Gleaner, indicando que os artefactos foram levados durante escavações realizadas quando a ilha era ainda uma colónia britânica.
De acordo com a ministra da Cultura, os artefactos terão sido criados pelo povo indígena Taino, e foram encontrados nas Caraíbas pelos exploradores europeus no século XV.
"As peças nem sequer estão em exibição", disse a ministra, acrescentando que "são preciosas e significativas para a História da Jamaica, portanto pertencem ao povo jamaicano", defendeu.
A governante disse ainda que o Governo está a trabalhar com a Comissão Nacional de Repatriações, um grupo criado em 2009, para que as peças sejam devolvidas.
Os objetos criados pelos Taino encontram-se em várias coleções europeias e norte-americanas. Estas do Museu Britânico deram entrada no início do século XX, provenientes da coleção reunida por William Ockleford Oldman.
Um porta-voz do museu disse que a instituição ainda não recebeu nenhum pedido formal e oficial do Ministério da Cultura da Jamaica.
"Estas peças estão em exibição desde 2009", disse o porta-voz, acrescentando que têm sido cedidos vários objetos Taino para exposições na Índia, Japão, Espanha, França, Singapura, e no Museu Horniman, em Londres.
O debate sobre a restituição de peças aos países de origem não é novo, mas desde que o presidente francês, Emmanuel Mácron, pediu um relatório, em 2018, sobre a matéria, os especialistas que o realizaram, Felwine Sarr e Bénédicte Savoy, recomendaram a total devolução de objetos e peças de arte levados sem consentimento dos seus países de origem.
Tal como a Jamaica, a Grécia quer que o Museu Britânico devolva os mármores do Parthenon, e a Etiópia pretende objetos levados durante a Batalha de Maqdala.
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