'Estuário' de Lídia Jorge é destaque da 'rentrée' literária em Paris

A escritora portuguesa Lídia Jorge foi hoje à noite uma das convidadas da Librest, associação de livreiros de Paris, para apresentar o livro "Estuário" que chegou agora ao mercado literário francês.

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Lusa
05/09/2019 22:24 ‧ 05/09/2019 por Lusa

Cultura

Lídia Jorge

"Há milhares de livros a saírem e o facto de terem escolhido o meu entre estes oito foi surpreendente. Fiquei muito admirada e estou muito feliz, sobretudo, por ter escutado os meus colegas e por me sentir uma entre eles", disse Lídia Jorge em declarações à agência Lusa no final da apresentação.

A Librest escolheu oito autores que estão a marcar a 'rentrée' literária em França e, além de "Estuário" da autora portuguesa que é editado pela Métailié, também Hubert Haddad, com a sua obra "Un monstre et un chaos", ou Léonora Miano, com "Rouge impératrice", falaram sobre os seus livros.

A iniciativa decorreu no Teatro da Bastilha, onde os lugares esgotaram para ouvir os autores falarem sobre as suas obras e também para ouvir o que os livreiros, normalmente o primeiro público dos livros, pensou das novidades apresentadas.

"[Em França] há, sobretudo, livreiros que leem os livros e leitores que deixam notas de leitura sobre os livros. Há um culto do livro que faz com que se perceba que há escolhas que são meditadas. Se em Portugal sentimos uma tristeza com o que se passa com a literatura, ao menos se a gente vem a França sente este consolo de ver que o país continua literário, que as salas se enchem para ouvir oito escritores falarem dos livros", afirmou Lídia Jorge.

Sobre o seu livro "Estuário", a Lisbrest caracterizou-o como "poético" e "um pouco melancólico", pondo em destaque a ação que se passa no seio de uma família ligada aos barcos durante a crise.

Questionada sobre a dimensão política no seu romance, Lídia Jorge disse que o silêncio na família do livro traduz o silêncio da sociedade portuguesa.

"Cada um esconde dos outros o seu drama próprio e, do ponto de vista político, isto é algo que também acontece. A dimensão do silêncio e a revolta que não é uma revolta comum, nem parecida ao que acontece em França, são importantes na sociedade portuguesa. É uma revolta estoica, com poucas palavras", explicou a escritora portuguesa.

Em França, entre final de agosto e fim de outubro, prevê-se a publicação de quase 530 livros. Mais de um terço são de autores estrangeiros, segundo a revista Livres Hebdo.

 

 

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