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Vasco Barata reflete sobre especulação imobilária em exposição no MAAT

A falta de espaço nas áreas urbanas e a especulação imobiliária estão no centro da exposição inédita de Vasco Barata, uma das quatro que inauguram na quinta-feira no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), em Lisboa.

Vasco Barata reflete sobre especulação imobilária em exposição no MAAT
Notícias ao Minuto

15:17 - 02/10/19 por Lusa

Cultura MAAT

'Vasco Barata - Dreamers Never Learn' é o título desta instalação com fotografia e objetos num cenário urbano em estado de semiabandono, onde os visitantes entram para refletir sobre "o fluxo e refluxo das marés económicas".

"É cíclico. Repete-se sempre da mesma maneira e com as mesmas consequências", disse à agência Lusa o artista, durante uma visita guiada para a imprensa que decorreu hoje no MAAT.

A instalação denuncia "a crescente falta de espaço físico, cultural e emocional" nas zonas urbanas do país, e, em particular, para os artistas.

"Durante a crise económica e financeira a sociedade europeia viu-se forçada a entrar num permanente modo de sobrevivência", recordou, sobre o que aconteceu há uma década, e também envolveu Portugal.

As consequências, lembrou, foram "a falta de investimento nos espaços culturais, e as galerias de arte a parar de vender, o que levou os artistas a criar espaços independentes".

"Atualmente, com a pressão imobiliária nas cidades, esses espaços estão a fechar para dar lugar ao alojamento local", criticou Vasco Barata, cuja exposição ficará até 27 de janeiro de 2020, com curadoria de Carolina Grau, na Central Tejo.

Em 'Dreamers Never Learn' ('Os sonhadores nunca aprendem'), o artista português usa metáforas como os movimentos das marés para descrever como as populações "são empurradas por uma força que as obriga a ir para espaços cada vez mais esconsos".

'Ama como a Estrada Começa', de João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, é outro trabalho inédito que inaugura na quinta-feira, pensado para a Project Room do MAAT, e assume-se como "uma reflexão sobre espaços de controlo e dissidência dos corpos".

Esta mostra - patente até 20 de abril de 2020 - tem curadoria de Inês Grosso, e consiste numa casa de grandes dimensões cujo interior está recheado de referências à vida e obra de Mário Cesariny.

O trabalho resulta de uma investigação realizada em Paris na residência artística La Cité Internationale des Arts, e toma para seu título um poema do criador surrealista falecido em 2006.

O interior da casa apresenta, no entanto, textos retirados do livro 'A Cidade Queimada', outra obra do artista - com poemas, colagens e desenhos -, que cobrem totalmente as paredes a negro e branco.

Um sanitário coletivo, um lavadouro público que também pode ser uma piscina, uma reprodução da cela em que Cesariny deverá ter passado uns meses quando foi preso em Paris, e vários símbolos fálicos recheiam esta construção de dois andares que será alvo de uma performance na inauguração, segundo os artistas, presentes na visita guiada.

Nuno Alexandre Ferreira disse à Lusa que este trabalho "ultrapassa muito uma homenagem a Mário Cesariny, embora ele surja como um exemplo do que é viver sem distinção entre o que é o trabalho e a vida".

'Anima Vectorias', da artista Angela Bulloch, é uma instalação para o grande espaço da Galeria Oval do MAAT, compreendendo trabalhos em vídeo, com múltiplas projeções, animações 3D, avatares e dispositivos de realidade virtual.

Esta é a primeira grande exposição da artista num museu nacional, e nela explora as áreas do físico, digital e o virtual e as suas fronteiras: "É cada vez mais difícil estabelecer os limites entre elas, na sociedade atual", comentou a artista, cujo trabalho examina o que realmente define o comportamento social.

A questão da consciência e da sua localização física também está presente na obra desta artista, com a carreira lançada no final dos anos 1980 do grupo dos Young British Artists, que frequentaram o Goldsmith College, em Londres.

'Economia de Meios' é outra das quatro exposições que o MAAT inaugura esta semana, esta no âmbito da 5.ª edição da Trienal de Arquitetura de Lisboa, que também tem início esta semana sob o título "A Poética da Razão".

Nesta mostra é proposta uma tipologia das formas pelas quais a economia de meios se exerceu até agora, e questiona as formas através das quais ela se poderia exercer atualmente, segundo uma descrição do museu.

Com curadoria de Éric Lapierre, ficará patente até 13 de janeiro de 2020.

Um cine-concerto de Legendary Tigerman, visitas gratuitas e oficinas para famílias vão marcar três dias de celebrações, entre sexta-feira e domingo, pelo 3.º aniversário do MAAT, em Lisboa.

De acordo com o museu, o terceiro aniversário será festejado com um fim de semana alargado de portas abertas, atividades para famílias e quatro novas exposições.

Legendary Tigerman apresentar-se-á em palco para um cine-concerto, na sexta-feira, às 19:00, uma performance de Alice Joana Gonçalves, com Daddy G., marca o sábado, dia do aniversário do museu, e o jazz à beira-rio encerra o programa de festas.

Durante o fim de semana alargado haverá oficinas para famílias, visitas às exposições, sessões para públicos invisuais ou baixa visão, e o Arquitetura em Curtas: Festival de Curtas Metragens sobre Arquitetura.

Inaugurado em 4 de outubro de 2016, o MAAT é um museu de arte contemporânea em Lisboa, que cruza também a arquitetura e a tecnologia, situado na zona de Belém, junto ao rio Tejo, criado pela Fundação EDP.

O museu compreende também as instalações da antiga Central Tejo - ex-museu da Eletricidade.

O novo edifício, desenhado pela arquiteta britânica Amanda Levete, do ateliê AL_A, foi inaugurado a 04 de outubro de 2016, sob a direção do arquiteto Pedro Gadanho, substituído este ano pela italiana curadora e crítica de arte Beatrice Leanza.

O MAAT ocupa uma área de 38 mil metros quadrados e é parte integrante da Fundação EDP, que pertence ao Grupo EDP - Energias de Portugal.

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