Congregando entidades como a Associação Portuguesa de Realizadores, os Produtores de Cinema Independente Associados, sindicatos do setor e organizações de festivais como o DocLisboa, o IndieLisboa e o Curtas de Vila do Conde, a Plataforma do Cinema manifestou "ainda a sua preocupação com a criação, inédita em democracia, do cargo de secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media".
"Confirmando, pela sua parte, a falta de capacidade de escuta da Sr.ª Ministra da Cultura, e inquietando-se com a sua insistência em querer dar respostas rápidas e simples para problemas complexos", a Plataforma manifestou solidariedade com os protestos de terça-feira, no comunicado divulgado hoje ao fim da tarde.
Sobre a criação do cargo de secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, que "nada fazia prever no programa eleitoral do PS", e a sua entrega a um nome vindo do setor audiovisual, a Plataforma do Cinema afirma temer que "possam finalmente ter concretização prática (...) as pretensões do setor do audiovisual em expandir-se à custa dos apoios públicos para o cinema".
A Plataforma refere-se assim a Nuno Artur Silva, ex-administrador da RTP e um dos fundadores das Produções Fictícias e do Canal Q, que tomou posse como secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media, em 26 de outubro.
Fazem também parte da Plataforma do Cinema agências de promoção internacional do cinema português como a Portugal Film e a Agência da Curta Metragem, a Associação pelo Documentário (Apordoc), organizações dos festivais Monstra, Porto/Post/Doc e Queer Lisboa, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (SINTTAV) e o Sindicato dos Músicos, dos Trabalhadores do Espectáculo e do Audiovisual (Cena/STE), que também faz parte da Plataforma Cultura em Luta.
Profissionais e estruturas culturais realizam protestos em Lisboa, Porto e Bragança, na terça-feira, dia 10 de dezembro, uma iniciativa convocada pela Plataforma Cultura em Luta, acompanhada pela Comissão de Profissionais das Artes, que, no mesmo dia, entrega na residência oficial do primeiro-ministro, António Costa, uma carta a pedir a demissão da ministra da Cultura.
A entrega da carta, com cerca de 400 assinaturas de profissionais e estruturas artísticas e culturais, está anunciada para terça-feira, às 16:00, enquanto o protesto está marcado para as 18:00.
As duas ações ações visam exigir o reforço do financiamento no setor das artes, antes da apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2020, anunciada para a próxima segunda-feira.
A jornada servirá para contestar também, segundo os artistas, o "quadro catastrófico" dos resultados dos concursos bienais do programa de apoio sustentado da Direção Geral das Artes (DGArtes), que deixou sem apoio cerca de 40% das candidaturas que os júris consideraram elegíveis para financiamento.
A ministra da Cultura, Graça Fonseca, já admitiu a necessidade de se avançar com uma "revisão crítica", ou "afinamento", do atual modelo de apoio às artes, que foi recentemente revisto e simplificado.
Também o diretor-geral das Artes, Américo Rodrigues, defendeu a necessidade de melhorar e corrigir o atual modelo de apoio às artes, admitindo que sejam vistas "formas de aperfeiçoar o [atual] modelo e corrigir aspetos que não estejam a funcionar".