"Atrevo-me a dizer que não podíamos ter melhor chave para abrir esta programação. É que esta exposição e o projeto de semiótica urbana de Carlos Magno são, sobretudo, um exercício sobre a capacidade de olhar o quotidiano, de ver as paisagens das cidades do dia-a-dia, livre de formatos e clichés pré-estabelecidos", contou à agência Lusa Jorge Sobrado.
No entender deste responsável, Carlos Magno "não se perde nem se deslumbra na monumentalidade turística, nem nas tecnicalidades da arte fotográfica", é sim "um observador atento e sensível do quotidiano urbano, muitas vezes divertido, outras irónico, mas sempre desconcertante".
"Esta exposição é de algum modo um repto para resgatarmos a capacidade e a disponibilidade de olhar e de interpretar as nossas cidades e as suas marcas humanas, as suas paisagens e transformação, as suas histórias, ironias e contradições", considerou.
A mostra "acasos objetivos", inaugurada hoje na Quinta da Cruz, em Viseu, resulta de residências e safaris fotográficos do jornalista Carlos Magno pelas cidades do Porto, Lisboa, Aveiro e Viseu, sendo a exposição constituída por 102 fotografias a cor, das quais 23 são de Viseu.
"É sobre semiótica urbana como sinais de trânsito, grafítis, painéis, fotografados numa ótica muito pessoal e em muitas cidades do mundo. Comecei a fotografar há muitos anos e, de repente, percebi que tinha ali um conjunto de semiótica urbana muito interessante e pensei em fazer uma exposição", contou à agência Lusa Carlos Magno.
Neste sentido, o jornalista explicou que começou por expor na reitoria da Universidade do Porto, seguiu-se a Universidade de Aveiro e, quando se preparava para seguir para Coimbra recebeu o desafio do vereador da Cultura de Viseu e, para isso, fez, nos últimos dias, "um safari na cidade".
Carlos Magno contou que a partir daqui as imagens de Viseu vão viajar e seguir itinerância por várias cidades com as restantes fotografias "que já tinha e que estavam organizadas pelo Bairro dos Livros", e, para já, da Quinta da Cruz, onde estão até 28 de fevereiro, seguem para Coimbra e depois Lisboa.
"A minha ideia era que estivesse, sobretudo, nos meios académicos e onde houvesse estudantes de semiótica, de publicidade, de marketing e gente que consiga perceber como é que está a ser alterado o perfil visual urbano das nossas cidades", considerou Carlos Magno.
"Acasos objetivos" é assim a primeira iniciativa do "Viseu 2020 -- Luz, Câmara, Ação", ano em que a autarquia define Viseu como "território e destino de fotografia e cinema, duas artes políticas, populares, democráticas e transformadoras, por excelência", considerou o vereador da Cultura, Património, Turismo e Marketing Territorial.
Depois de, em 2019, a gastronomia se ter assumido como o tema das atividades no concelho, 2020 conta agora com uma programação cultural e turística organizada em "quatro eixos fundamentais: a formação e serviço educativo, a valorização do património fotográfico e cinematográfico de Viseu, o fomento da criação artística e a atração de grandes eventos no âmbito destas expressões".
Jorge Sobrado explicou que a programação será apresentada no início da próxima semana, mas desvendou, entretanto, à agência Lusa que Viseu será a cidade anfitriã de duas iniciativas ligadas às artes audiovisuais.
"O congresso 'The Way 2020' da Associação dos Profissionais Portugueses da Imagem (APPImagem), a maior organização de fotógrafos e videógrafos, em Portugal, e do ART&TUR -- Festival Internacional de Cinema de Turismo, o maior evento do segmento na Península Ibérica", contou.
No seu entender, só estes dois eventos "atrairão a Viseu mais de 800 fotógrafos, videógrafos e realizadores de cinema de mais de 40 países" e na sequência destes acontecimentos, "serão organizados concursos e safaris fotográficos e de produção de cinema turístico".
"Ao longo do ano, Viseu empreenderá um programa muito intenso e diversificado nestas expressões, valorizando sobretudo a formação e a mediação cultural, através de oficinas, workshops e masterclasses abertas à comunidade", resumiu.