"Eu acho que é bom haver concorrência. Aliás, eu acho que o setor privado funciona melhor em concorrência", disse durante a reunião do executivo municipal.
Rui Moreira respondia, assim, a uma interpelação do vereador do PSD, Álvaro Almeida, que manifestou preocupação com o facto de a diversidade poder vir a desaparecer com a concessão deste espaço cultural.
Dizendo não ter nada contra a concessão, o social-democrata assumiu que a sua preocupação é se com a concessão a diversidade desaparece.
"Se assim for, o Porto perde, porque deixa de haver concorrência e os espetáculos ficam mais caros", frisou.
Na resposta, Rui Moreira salientou que qualquer entidade que venha a concorrer e a ocupar a sala de espetáculos vai ter de falar com todos os agentes culturais, entendendo que a concorrência vai acontecer "depois a jusante".
A concorrência no Porto já existe e não deve "afligir" ninguém, considerou.
A esse respeito, e apesar do Coliseu e do Pavilhão Rosa Mota terem uma sala de espetáculos para mais de 1.000 pessoas, o independente explicou que "não são bem iguais".
O Rosa Mota tem três finalidades, nomeadamente centro de congressos, espetáculos musicais e atividades desportivas, sendo o Coliseu um "equipamento diferente", comentou.
Além destas, o autarca lembrou que existe ainda a Casa da Música que também já funciona como "barriga de aluguer".
O Porto já tem concorrência na atração de concertos, vincou, acrescentando que, se "amanhã alguém tentasse fechar, era mau negócio".
Já sobre a Associação de Amigos do Coliseu, a qual segundo a vereadora da CDU Ilda Figueiredo deve manter a gestão do espaço, Rui Moreira garantiu querer que esta continue a estar viva e a ter atividade num edifício que não tem dinheiro para reparar.
Também sobre a associação, Manuel Pizarro, do PS, recordou que esta é mais gestora do espaço do que programadora, fazendo todo o sentido que se mantenha no edifício.
"Não esquecer que essa associação resulta de um verdadeiro movimento do Porto", referiu.
Para o socialista, a concessão é neste momento a única solução viável.
Hoje, o executivo municipal designou como representante do município do Porto para o triénio 2020-2022 na direção da Associação Amigos do Coliseu do Porto o engenheiro Rui Álvaro de Lemos.
A intenção de concessionar o Coliseu do Porto foi anunciada pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, no dia 29 de janeiro. À data, o autarca explicava que, na impossibilidade de recorrer a fundos comunitários, esta foi a solução encontrada para garantir o restauro daquela sala de espetáculos, uma vez que a Associação Amigos do Coliseu, proprietária do espaço, não tem condições para o fazer.
No dia 13 de fevereiro, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) garantia, no entanto, que não era de excluir a possibilidade de enquadrar as obras de restauro do Coliseu do Porto, no âmbito do programa operacional Norte 2020.
Antes, na reunião do executivo de 10 de fevereiro, Rui Moreira admitiu a possibilidade de as obras de reabilitação do Coliseu serem feitas com recurso a `crowdfunding' ou uma quota especial, em vez do modelo de concessão que defendeu, face às questões levantadas pelos vereadores da CDU e do PS que defenderam o recurso a financiamento público.
A forma como o processo sobre o futuro do Coliseu foi gerida conduziu já a três demissões, entre eles, o presidente da direção dos Amigos do Coliseu, Eduardo Paz Barroso, que soube da sua substituição no cargo pela comunicação social, e a Associação Comercial do Porto que considera que o comportamento dos parceiros institucionais "não dignifica" a história da Associação Amigos do Coliseu, defendendo que a discussão sobre o futuro daquele equipamento devia ter sido feita em assembleia-geral dos associados do Coliseu.
Câmara do Porto, AMP e Ministério da Cultura, parceiros institucionais do Coliseu do Porto, vão propor na assembleia-geral da Associação Amigos do Coliseu, no dia 13 de março, a concessão a privados daquela sala de espetáculos, modelo que foi, entretanto, validado pelo Conselho Municipal de Cultura do Porto, com 13 votos a favor e 11 abstenções.