O ICOM (sigla da designação em inglês) é uma organização não governamental dedicada à preservação do património cultural através da divulgação de boas práticas e, em Portugal, possui mais de 400 membros, incluindo museus nacionais, municipais, privados e diversas instituições museológicas.
Contactada pela Lusa, a presidente desta entidade, cujos novos órgãos sociais iniciaram funções no início de março, revelou que foi lançado em abril um inquérito aos seus membros para saber como estão a lidar com o encerramento, e as perspetivas de reabertura a partir de 18 de maio, Dia Internacional dos Museus.
"Por aquilo que já conhecemos da situação, os museus nacionais vão reabrir nessa data, mas esse não será o caso dos museus municipais, por exemplo, porque os seus públicos são essencialmente seniores e das escolas", disse a também diretora do Museu do Paço de Vila Viçosa.
Sobre o conhecimento que tem das condições de reabertura dos espaços museológicos associados no continente e ilhas, disse que "a maioria dos museus que não estão nos grandes centros preferem ficar encerrados, porque há muitas incertezas sobre a adesão do público que os costuma visitar".
"No entanto, sabemos que os municipais estão mais bem preparados do que os museus nacionais a todos os níveis. Os museus nacionais até ontem continuavam à espera de equipamento e de orientações específicas", disse a presidente do ICOM.
Na última sexta-feira, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) divulgou um conjunto de orientações gerais para os museus e monumentos que passam pelo uso obrigatório de máscara, distância social, limitação de entradas e higienização frequente das mãos e dos espaços.
A DGPC indicou ainda à Lusa que está a elaborar um manual com informação mais detalhada para ser distribuído aos espaços tutelados.
Hoje o ICOM colocou no seu sítio 'online' e nas redes sociais um conjunto de 25 recomendações para a reabertura dos museus, aconselhando-os a seguirem a legislação em vigor, em articulação com a Direção-Geral da Saúde e das respetivas tutelas.
Entre essas recomendações estão, nomeadamente, evitar a disponibilização de folhetos de informação e outros materiais manuseáveis, não disponibilizar o serviço de bengaleiro, assegurar ventilação natural, definir novas programações para públicos reduzidos e articular atividades em plataformas digitais.
Relativamente ao inquérito que foi lançado aos seus membros, a presidente do ICOM disse que só estará concluído "quando a maioria dos museus estiver aberta ao público".
O objetivo desta iniciativa é "conhecer detalhadamente as dificuldades atuais e futuras das instituições museológicas, poder apoiá-las e defendê-las junto das tutelas, face à situação de emergência que atravessam", sublinhou.
O ICOM espera "muitos desafios" para os museus no presente e no futuro, devido à pandemia, nomeadamente a "ausência ou forte redução de visitantes nos próximos meses, e até anos, e a perda desastrosa de receitas".
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 286mil mortos e infetou mais de 4,1 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de 1,4 milhões de doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 1.163 pessoas das 27.913 confirmadas como infetadas, e há 3.013 casos recuperados, de acordo com os dados hoje divulgados pela Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus, SARS-CoV-2, detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.