Centro de artes Arquipélago mostra 'Exercícios de Memória' de Luís Brum

A exposição 'Exercícios de Memória', de Luís Brum, chega na sexta-feira ao Arquipélago - Centro de Artes Contemporâneas, em São Miguel, com um trabalho sobre a memória em que se celebra o livro como objeto, matéria e monumento.

Notícia

© Laboratório de Ilustração Científica - Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro

Lusa
02/09/2020 18:43 ‧ 02/09/2020 por Lusa

Cultura

São Miguel

 

A mostra, que é inaugurada esta sexta-feira, dia 4 de setembro, e fica patente até 8 de novembro, no Arquipélago, pretende, "olhando para o livro como objeto e matéria, desconstruí-lo e passá-lo de um objeto que tem um sentido prático e utilitário e, de alguma forma, transformá-lo num objeto estético, puramente estético", explicou o autor à agência Lusa.

"Acaba por ser uma série de exercícios sobre como é que se pode reinterpretar a memória de um livro", concretizou Luís Brum.

O ponto de partida, disse, veio da perceção de que, "hoje em dia, o livro é um objeto que se encontra em tensão com as tecnologias e novos meios de comunicação e de formação. O livro acaba por ser um objeto totémico, que tem valor para além do conteúdo em si, mas acaba por se tornar num monumento, um objeto de arte por si só", considerou.

Esta série, que vem sendo trabalhada nos últimos quatro anos, "está entre a escultura e a instalação" e tem o papel como matéria-prima.

O artista procurou "encontrar a beleza, de uma forma diferente, num objeto" e confessa-se fascinado "pela matéria, pelo papel", que coleciona.

Para este projeto, usou papel da sua coleção pessoal, mas também folhas que encontrou na antiga base militar das Lajes, na Terceira, "de uma antiga escola preparatória, e que fazem parte de um conjunto de memórias de uma escola".

"Acaba por ser não muito diferente de uma folha normal, mas são matérias que foram abandonadas, não têm valor. Ao ir buscá-las, naquele contexto, e salvá-las, tenho uma história da origem delas, quais foram os momentos por que elas passaram".

Luís Brum gosta de, por exemplo, "saber que eram usadas para fazer sebentas há 40 anos, ou que tinham um formato diferente" e interessa-lhe mostrar "como é que uma pessoa cria estes objetos. Acaba por ser uma função de novas memórias".

Como alguém que adora livros, e que chega a comprar livros que já tem, ou que já leu, "porque eram bonitos, ou têm uma edição diferente", o artista agarra-se "à ideia do objeto" para "tê-lo como representante da memória", já que "o livro é permanente, não é volátil como os 'bytes'".

"Um livro é uma obra de arte duas vezes, como o registo, o trabalho que está escrito nele, e a própria construção do objeto", defendeu.

Com esta exposição, espera que "as pessoas encontrem a valorização de uma nova matéria e que as desafie a olhar para objetos do quotidiano de uma forma mais sensível, mais atenta e que permita perceber que a nossa sociedade é feita de camadas, de repetições. Encontrar a beleza de uma forma diferente num objeto".

Luís Brum é natural da ilha Terceira e licenciado em Arquitetura Paisagista, tendo exercido no atelier de arquitetura OPR, em Barcelona, até 2010, altura em que regressou a Portugal. Trabalha temas de intervenção urbana e eco-sociologia.

Através da arte urbana, liga a arte e a arquitetura, com projetos como 'Chão de Gente', de 2011, mas trabalha também em artes gráficas. Já mostrou o seu trabalho no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo e participou no festival Walk & Talk, tendo feito parte da equipa em 2016. Agora, o seu primeiro trabalho de escultura exibe-se, no Arquipélago, de 4 de setembro a 8 de novembro.

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