OML "demonstra maturidade" ao escolher diretor artístico que formou
Celebrar 30 anos com um diretor artístico que fez a formação na própria Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) "demonstra maturidade" e faz "todo o sentido", disse hoje o diretor executivo da Associação Música, Educação e Cultura (AMEC).
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Em entrevista à agência Lusa, Miguel Honrado elogiou o "trabalho notável" do maestro Pedro Amaral, que deixa a direção artística da OML no final deste ano, e do seu próprio antecessor na liderança executiva da AMEC -- Metropolitana, António Mega Ferreira, mas lembrou que "a vida das organizações é constituída por ciclos" e, nesse sentido, "não há melhor maneira" de celebrar os 30 anos, em 2022, do que "com uma direção artística renovada".
"É nessa perspetiva que encaramos este novo ciclo da Metropolitana, com uma nova direção artística, da responsabilidade do maestro Pedro Neves, que tem todo o sentido quando pensamos no cenário de uma celebração a 30 anos, uma vez que, pela primeira vez, a função será ocupada por um ex-aluno da instituição e que é também seu professor", disse à Lusa o gestor cultural, que lidera a organização desde janeiro.
O maestro Pedro Neves vai assumir a direção artística da Orquestra Metropolitana de Lisboa a partir de janeiro, sucedendo a Pedro Amaral, que liderou o conjunto orquestral durante oito anos e, nas palavras do atual diretor executivo, formou com António Mega Ferreira "uma equipa importantíssima" para o desenvolvimento e a "estabilidade que conseguiram" trazer à organização.
No entanto, sublinha o gestor cultural, "os ciclos anteriores acabam sempre por deixar algum legado aos posteriores" e não haverá "melhor maneira" de assinalar o trigésimo aniversário "do que com uma direção artística renovada".
"Demonstra a sua maturidade, no sentido em que há um diretor artístico que já foi seu discente e que fez aqui a sua graduação em direção de orquestra. E, portanto, faz todo o sentido que esta celebração, que acontecerá em 2022, possa ser feita sob esta égide e prova de que a Metropolitana já tem uma massa crítica fundamental para preencher este tipo de cargo", sustentou.
A AMEC gere a OML e ainda três escolas -- a Academia Nacional Superior de Orquestra, o Conservatório de Música da Metropolitana e a Escola Profissional Metropolitana --, além das respetivas orquestras de alunos, como a Orquestra Académica, a de Sopros e a Clássica Metropolitana, que conferem à organização "uma relação entre a pedagogia e a componente artística" que lhe dá "uma identidade muito própria".
Assim, e apesar da pandemia de covid-19, que "veio colocar um outro tipo de contexto", o ano do trigésimo aniversário da OML, 2022, continua a ser o horizonte temporal apontado por Miguel Honrado para se constituir como "um ponto de viragem" do próprio projeto.
"Esta situação da pandemia veio colocar imponderáveis com os quais temos de lidar. Não temos a mesma certeza que numa situação de completa normalidade, mas as grandes linhas que foram traçadas continuarão a ser desenvolvidas no sentido de chegarmos a 2022 com uma situação na Metropolitana mais clara e também mais perspetivada em termos de futuro do que aquela que neste momento existe, em virtude do quadro de imponderabilidade que vivemos", reforçou o diretor executivo.
Entre as "grandes linhas" continuam, conforme referiu em entrevista anterior à agência Lusa, a "consolidação financeira" da organização e o objetivo de acrescentar à AMEC novas etapas de desenvolvimento, nomeadamente "o alargamento da sua influência geográfica" que considera fundamental para a construção da sua identidade.
Nesse sentido, o antigo secretário de Estado da Cultura diz-se, ele próprio, "muito empenhado em contactar os 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa" no sentido de alargar o âmbito e o raio de ação da própria AMEC, revelando que já reuniu com a Junta Metropolitana de Lisboa a fim de "lançar bases de cooperação".
No plano financeiro, Miguel Honrado desvendou que, no momento em que eclodiu a pandemia de covid-19, existiam "conversações" com o Banco Santander no sentido de essa instituição bancária poder assumir-se como mecenas da Metropolitana, e que está a "relançar esse contacto" no sentido de conseguir uma colaboração a esse nível.
"Agora que a situação é de retoma, vamos ver se o Santander poderá ele próprio, também, desenvolver connosco alguma estratégia no sentido de vir a ser mecenas da AMEC -- Metropolitana. Era um empurrão significativo. Tivemos, durante duas décadas, o financiamento da Caixa Geral de Depósitos, que terminou em 2019, portanto estamos a envidar todos os esforços para encontrar também uma solução a este nível", admitiu.
A própria pandemia de covid-19, "apesar de todas as vicissitudes", acabou por contribuir para o "otimismo" com que Miguel Honrado encara o futuro da organização, uma vez que foi um contexto onde se provou a "maturidade", o "empenhamento das equipas" da AMEC -- Metropolitana e a sua capacidade de "resistência às adversidades", aspetos "fundamentais para encarar com otimismo o futuro de uma organização".
"A equipa e os quadros que aqui trabalham são uma garantia de que a AMEC poderá e deverá, nos próximos anos, desenvolver ainda mais a sua atividade e atingir novos e bons resultados. Quando falo destes quadros falo, naturalmente, das várias equipas que aqui trabalham, desde a equipa administrativa a todas as funções artísticas e pedagógicas que dão a esta organização esta relação entre a pedagogia e a componente artística uma identidade muito própria", concluiu o gestor cultural.
Miguel Honrado, ex-administrador do Centro Cultural de Belém, que dirigiu o Teatro Viriato, em Viseu, a empresa municipal de cultura de Lisboa, a EGEAC, e o Teatro Nacional D. Maria II, antes de assumir a pasta de secretário de Estado da Cultura, sucedeu a António Mega Ferreira, que desempenhou funções à frente da AMEC, de 2013 a 2019, e cessou o mandato a seu pedido.
O concerto inaugural da temporada 2020/21 da OML, "Quarta Sinfonia de Mahler", teve lugar no domingo, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, em Lisboa, ainda sob a batuta de Pedro Amaral, responsável pela programação da orquestra até ao final deste ano, momento em que será substituído por Pedro Neves.
A AMEC -- Metropolitana é uma instituição cultural sem fins lucrativos constituída em março de 1992, com o objetivo de "divulgar e ensinar a música clássica", tendo como fundadores a Câmara Municipal de Lisboa, a Secretaria de Estado da Cultura, o Ministério da Educação e Ciência, o Ministério da Solidariedade e Segurança Social, a Secretaria de Estado do Turismo e a Secretaria de Estado do Desporto e Juventude.
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