Distinguidos em 2019 com o prémio europeu Mies van der Rohe e, em 2016, com o prémio Carreira da Trienal de Arquitetura de Lisboa, Lacaton & Vassal "não apenas definiram uma abordagem arquitetónica que renova o legado do modernismo, mas também propuseram uma definição adaptada da própria profissão da arquitetura", justifica o júri, no comunicado que revelou os vencedores deste ano.
Estabelecidos em 1987, em Paris, Lacaton e Vassal são os 49.º e 50.º laureados com o prémio de arquitetura Pritzker, considerado o mais importante do meio, tendo completado mais de 30 projetos pela Europa e África Ocidental.
"Boa arquitetura é aberta à vida, para enaltecer a liberdade de todos, onde todos podem fazer o que precisam de fazer", declarou a arquiteta Anne Lacaton, citada no comunicado divulgado pela organização do prémio, muitas vezes referido como o "Nobel da Arquitetura".
Presidido este ano pelo arquiteto chileno Alejandro Aravena, o júri também integrava o diplomata brasileiro André Aranha Lago, o professor de História da Arte Barry Bergdoll, a arquiteta Deborah Berke, o jurista Stephen Breyer e a arquiteta Kazuyo Sejima, a arquiteta Benedetta Tagliabue, o professor e arquiteto Wang Shu, a diretora executiva do galardão, Martha Thorne, e a curadora Manuela Lucá-Dazio.
O júri também destacou a resposta do trabalho da dupla francesa relativamente "à emergência climática do nosso tempo, e às urgências sociais, particularmente na área da habitação urbana".
Na justificação, sublinhou ainda o "poderoso sentido do espaço e dos materiais, criador de uma arquitetura forte na sua forma, e nas suas convicções, transparente na sua estética e ética".
Anne Lacaton, nascida em 1955, em Saint-Pardoux, em França, e Jean-Philippe Vassal, nascido em 1954, em Casablanca, Marrocos, projetam espaços habitacionais com bastante luz natural, jardins de inverno e varandas de baixo custo, que dão aos residentes acesso à natureza durante todas as estações do ano.
"Este ano, mais do que nunca, sentimos que fazemos parte da Humanidade como um todo. Seja por questões de saúde, políticas ou sociais, há uma necessidade de construir um sentido do coletivo. Como em qualquer sistema conectado, ser justo para com o ambiente, para com a Humanidade, é ser justo para com a geração que se segue", sustentou o presidente do júri, o arquiteto Alejandro Aravena.
O júri elogiou ainda a "abordagem radical e delicada, ao mesmo tempo corajosa e subtil, equilibrada e respeitosa, mas simples e direta para com o meio construído".
As suas intervenções mais recentes foram no Palácio de Tóquio (Paris, França 2012), aumentando o museu para mais 20 mil metros quadrados, um tipo de trabalho que gostam de realizar para evitar demolições, gastos desnecessários em material e energia, e também de destruição de edifícios históricos, que consideram "atos violentos" no edificado.
A Escola Nacional Superior de Arquitetura de Nantes (França 2009), a Casa Cap Ferret (Cap Ferret, França 1998), 14 casas sociais para a Cité Manifeste (Mulhouse, França 2005), Polo Universitário de Ciências de Gestão (Bordéus, França 2008), bloco de apartamentos em Saint-Nazaire (França, 2011), o teatro multiusos em Lille (França, 2013), as residências para estudantes de Ourcq-Jaurès (Paris, 2013) e o edifício residencial e de escritórios Chêne-Bourg (Genebra, Suíça, 2020), são alguns dos seus maiores projetos entre cerca de três dezenas na Europa e na África.
Em 2020, o Prémio Pritzker foi atribuído às arquitetas irlandesas Yvonne Farrell e Shelley McNamara, cofundadoras do escritório Grafton Architects, primeira dupla feminina a conquistar o galardão.
Os arquitetos portugueses Álvaro Siza (1992) e Eduardo Souto de Moura (2011) foram distinguidos com o Pritzker em 1992 e em 2011, respetivamente.
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