"Venham sentir connosco. Nós atiramos coisas para cima do palco para que se sinta. Não estamos a ensinar nada a ninguém. Nós apenas propomos o jogo e o jogo é lúdico", declarou Jorge Pinto, encenador e cenógrafo da peça "Jacques ou a Submissão", no ensaio de imprensa de hoje à tarde, no Teatro Carlos Alberto.
Jorge Pinto classifica a peça como "uma comédia do insólito" e apela aos espectadores para irem aproveitá-la, no próprio teatro, uma vez que parece que se está a "sair da crise".
"Acho que, neste momento, é bem mais importante trabalhar em objetos lúdicos. (...) Toda a gente assegura que ninguém se vai esquecer [da Covid-19], portanto, durante uma hora, vamos esquecer um bocado", afirmou.
Quase sete décadas após a estreia internacional, a peça de Ionesco, que se vai estrear no Porto esta quarta-feira, volta a questionar o "valor da liberdade e do livre-arbítrio, num complexo jogo de convenções sociais", lê-se na folha de apresentação da obra, entregue hoje aos jornalistas.
A primeira cena de "Jacques ou a Submissão" arranca com uma família inteira a criticar Jacques, um adolescente e a personagem principal da peça. Essa família faz um "jogo de massacre", através de palavras críticas da mãe, do pai, do irmão e dos avós, para tentar controlar o adolescente no seu primeiro acesso de rebeldia.
Jacques cede, abandonando os seus princípios, acabando por admitir "adorar batatas com toucinho", para depois ser "reintegrado pelo pai na sua raça, na tradição", explica a nota de imprensa.
"O que mudou nesta meia dúzia de décadas? Nada na condição humana que inspire o nosso gesto dramático; tudo na forma que o teatro encontra para a tratar, e na posição que do público toma para a sua observação", concluiu o encenador.
Emília Silvestre, António Afonso Prata, Clara Nogueira, Miguel Eloy, Filomena Gigante, João Paulo Costa, João Cravo Cardoso, Bárbara Pais e Gabriela Leão são os intérpretes nesta coprodução do Ensemble -- Sociedade de Atores e do Teatro Nacional de São João.
A tradução da peça "Jacques ou a Submissão" esteve a cargo de Alexandra Moreira da Silva, a música, de Ricardo Pinto, e o desenho de luz tem assinatura de José Álvaro Correia.
O espetáculo fica em cena de quarta a sexta-feira, às 19:00, e, ao sábado e domingo, às 11:00.
No final da récita de 30 de abril está programada uma conversa com o encenador Jorge Louraço Figueira.
Os ingressos para o espetáculo, cuja duração é de uma hora, custam 10 euros.
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