Mário Coelho manifestou "grande surpresa e grande gratidão" pela atribuição do prémio, destacando aquele que considera ser o lado "mais bonito": o facto de os membros do júri serem os seus pares, pessoas que conhece e com quem partilha experiências profissionais.
"É o reconhecimento de um trabalho e faz com que sinta que faz algum sentido continuar neste caminho que tenho feito", destacou, em declarações à Lusa.
O galardão é uma parceria do Nacional D. Maria II e do grupo segurador, tem caráter anual e visa reconhecer e promover talentos emergentes, com idades até 30 anos, nas várias áreas ligadas ao teatro, cujos trabalhos se tenham destacado no ano anterior.
Em 2020, durante o primeiro confinamento, Mário Coelho criou, a partir de casa, a 'webserie' de oito episódios, "Vai Ficar Tudo Bem!".
Apesar de o prémio ser relativo ao ano passado, Mário Coelho afirma que não consegue separar os trabalhos que tem feito nos últimos tempos, como se fossem uma "espécie de cadeia", funcionando em sequência, sem ser possível dissociá-los uns dos outros e de outras experiências que tem tido.
"Mas foi sobretudo relativo a um ano complicado para todos, que levou a pensamentos extraordinários e a procurar outras formas de continuar a fazer o trabalho mesmo com tudo fechado. Foi também o ano em que me estreei com uma 'websérie' - outra variante do meu trabalho que nunca tinha explorado, que é uma série feita para o 'youtube' -, e a continuação de um trabalho, o "Fuck me gently!", que estreou em dezembro no CCB [Centro Cultural de Belém], e reflete também grande parte dos caminhos que pretendo vir a desenvolver nos próximos tempos enquanto criador e enquanto intérprete", declarou.
Ator, encenador, dramaturgo e também produtor dos seus próprios espetáculos, Mário Coelho, nascido em Lisboa em 1994, move-se pelo panorama independente da cidade, motivado pela vontade de encontrar um lugar onde se possa expressar livremente.
Esse é, aliás, o caminho que pretende continuar a seguir, porque acredita "num teatro que é feito por pessoas e para pessoas e que celebra isso mesmo, pessoas".
Mas também tem sido "uma variante de um trabalho mais independente, que grande parte das vezes não tem tido apoios e que mesmo assim tenho conseguido reunir equipas e fazer as coisas em condições limite, mas o trabalho tem avançado na mesma e tenho conseguido vir a desenvolver", explicou.
"A mim interessa-me cada vez mais a individualidade de cada uma das pessoas com a quais trabalho e provocar uma espécie de celebração no meu trabalho. Tem sido um pouco essa tentativa de pesquisa e de comunhão com as pessoas com quem tenho tido a sorte de vir a trabalhar e colaborar que eu procuro. Então, acima de tudo, é inevitável que este prémio seja também sobre essas pessoas que têm estado comigo ao longo dos tempos e têm feito este caminho comigo", acrescentou Mário Coelho.
Foi o sonho de ser realizador de cinema que o levou a desenvolver um gosto pela representação e pelo teatro, bem como a ingressar na Escola Superior de Teatro e Cinema, em 2012, tendo estreado a sua primeira criação, "é possível respirar debaixo de água", em 2015, na galeria Manteigaria Lisboa e, desde aí, encenou já seis criações próprias.
Mário Coelho junta-se assim à atriz, encenadora e dramaturga Sara Barros Leitão, vencedora da primeira edição do Prémio, entregue em 2020.
A escolha do premiado foi feita por um júri composto por treze profissionais representativos de diversas áreas associadas ao meio artístico e cultural português: Álvaro Correia, Cristina Carvalhal, Cucha Carvalheiro, Inês Barahona, Isabél Zuaa, John Romão, José António Tenente, Marta Carreiras, Mónica Garnel, Rui Horta, Rui Pina Coelho, Sara Barros Leitão e Tónan Quito.
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