Em declarações à agência Lusa, José Russo explicou que, por os espetáculos não poderem, este ano, "invadir" as ruas da cidade, haverá lugar à transmissão em direto de alguns espetáculos na internet, mas também uma espécie de exposição fotográfica e um museu de rua.
O diretor artístico do Centro Dramático de Évora (Cendrev), organizador do evento, exemplificou que o Museu da Marioneta de Lisboa foi convidado "para instalar um conjunto de marionetas numa dezena de montras do centro histórico" da cidade alentejana.
"Também fizemos outra coisa [que foi] mandar os Bonecos de Santo Aleixo ao fotógrafo", onde "fizeram um conjunto de fotografias que estão espalhadas nas paragens de autocarro", revelou.
A exposição fotográfica deverá, mais tarde, "saltar para outro quadro", enquanto as marionetas das montras voltarão ao seu lugar, em Lisboa, mas segundo José Russo, "são elementos que se somam a esta bienal" e vão "marcar a vida cultural da cidade nestes dias".
Além disso, uma vez que este ano os espetáculos decorrem em espaços ao ar livre, mas fechados, como "claustros, pátios e quintais", para que se possa controlar a entrada de público, "irá ficar muita gente sem pode ver a bienal", lamentou.
As entradas são grátis, mas é necessário "fazer reservas para poder entrar nos espaços" e, neste momento, "há muito poucas sessões que ainda não estão esgotadas".
Trata-se de "um sinal muito animador" para a organização, que vai apostar na transmissão por 'streaming' de quatro espetáculos, dois dos quais dedicados ao público infantil em horário escolar.
"Sobretudo para atender aos jardins-de-infância e escolas primárias do nosso concelho e, naturalmente, de outros lugares de Portugal e do mundo que queiram aceder. Essas transmissões vão ser feitas em direto", no dia 02, às 10:00, e no dia seguinte, às 11:00, adiantou o diretor da BIME.
Às 10:00 de dia 02 de junho, o espetáculo a ser transmitido na página de Facebook da BIME será o Variações de Marionetas com Fios, da companhia Marionetas de Rui Sousa (Santa Maria da Feira), com a duração de 40 minutos.
Já o espetáculo Para Que Servem as Mãos, do Teatro e Marionetas Mandrágora (Gondomar), também com a duração de 40 minutos, vai ser transmitido no dia 04, às 11:00.
Além dos dois espetáculos destinados às crianças, será ainda transmitido o espetáculo de abertura, "Objetoteca Popular Itinerante", do Teatro de Ferro (Porto), na próxima terça-feira, às 21:00, a partir do Pátio do Palácio do Vimioso.
O mesmo vai acontecer com o espetáculo de encerramento "Eu Quero ir à Lua", da companhia Partículas Elementares (Ovar), a 06 de junho, às 21:00, seguido da sessão de encerramento, que inclui o espetáculo de fogo preso na fachada do Teatro Garcia de Resende.
"Esses quatro momentos vão permitir que a bienal entre na casa das pessoas e chegue a todos os cantos do mundo", disse José Russo, vincando ser esta a forma de conseguir que "mais gente possa aceder à bienal", porque as salas das sessões ao vivo "têm lotações muito pequenas por causa dos constrangimentos a que estamos obrigados".
E, apesar de este ano as marionetas não poderem "invadir" as ruas, como era habitual, não deixará de haver animação, mas através de desfiles que vão percorrer o centro histórico sem parar, todos os dias, às 12:00 e às 17:00.
Os visitantes e habitantes da cidade vão poder "dar de caras" com a Companhia Marimbondo (Lousã), Delphim Miranda, Gigabombos do Imaginário, Curso Profissional de Artes do Espetáculo da ESAG (Lisboa e Évora) e a companhia Boca de Cão -- Teatro de Rua e Formas Animadas (Arcozelo -- Vila Nova de Gaia).
"É uma amostra muito significativa do que se faz em Portugal a nível da marioneta. Para nós, é um ponto de honra muito importante e esperamos que esta bienal fique marcada exatamente por isso", frisou o diretor artístico da BIME.
Um total de 22 companhias nacionais participa nesta 15.ª edição da BIME, que conta com 78 sessões programadas.
O evento teve a sua estreia em 1987 e costuma acolher companhias portuguesas e estrangeiras. Esta edição vai ser dedicada exclusivamente à marioneta portuguesa devido às restrições provocadas pela pandemia de covid-19.
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