Museu de Lamas recebe uma tonelada de lixo para reflexão ambiental

O Museu de Santa Maria de Lamas abre no próximo sábado o festival BasqueirArt, que dispôs uma tonelada de lixo por várias salas desse equipamento cultural do concelho de Santa Maria da Feira, para refletir sobre sustentabilidade ambiental.

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Lusa
15/06/2021 18:23 ‧ 15/06/2021 por Lusa

Cultura

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O evento constitui uma extensão do festival de música Basqueiral, que desde 2017 se realiza anualmente nesse mesmo município do distrito de Aveiro e que este ano privilegia um formato temporalmente mais alargado, evitando concentrações de público ao propor, até final de agosto, 13 concertos, oito sessões de cinema, seis instalações artísticas, quatro residências, quatro espetáculos, uma exposição de fotografia, um mural de arte urbana e uma intervenção comunitária em mobiliário público.

A coordenação do programa BasqueirArt é partilhada entre o Museu de Lamas e a associação cultural Basqueiro, que escolheram a sustentabilidade ambiental como tema da edição de 2021 por considerarem que essa é "uma questão incontornável da atualidade" e defenderem que a abordagem artística dessa temática funciona como "um meio de consciencialização e debate de ideias".

Foi por isso que Susana Ferreira, diretora do Museu de Lamas, aceitou que "cerca de uma tonelada de lixo" fique a decorar diferentes salas desse espaço ao longo de dois meses. "Como estamos a viver uma pandemia, tínhamos que arrojar e decidimos apresentar instalações efémeras com recurso a lixo limpo, para motivar uma reflexão e discussão em torno de questões ambientais muito prementes", declarou à Lusa.

Um dos cenários das sete criações com resíduos, assinadas por diferentes autores, é a ala do museu dedicada à arte sacra, agora transformada com detritos sobretudo de plástico e cartão, mas incluindo também têxteis, brinquedos e peças informáticas. Todos esses materiais em fim de vida foram recolhidos ao longo de meses por diversos grupos da comunidade local e, entretanto, devidamente tratados para poderem partilhar o espaço ocupado pela habitual coleção do museu.

"Houve lixo que chegou a ir à máquina de lavar, para nunca se colocar em causa a conservação e a preservação do espólio integrado na nossa exposição permanente", realça Susana Ferreira.

Essas instalações definem um circuito que serve de preâmbulo à exposição do fotógrafo Mário Cruz, que já foi premiado duas vezes no âmbito do concurso mundial World Press Photo, e cuja última distinção nesse âmbito foi precisamente pela visão social e ambiental que proporcionou do rio Pasig, em Manila, nas Filipinas, onde a acumulação de lixo na água é de tal forma extrema, que se chega a poder caminhar sobre os resíduos.

São imagens da realidade em torno desse rio, declarado biologicamente morto em 1990, que o fotojornalista da agência Lusa exibirá em Lamas na mostra 'Living among what's left behind/Vivendo entre o que é deixado para trás', que já esteve patente em Roma, Bruxelas e Macau, assim como no Palácio Anjos, em Algés, junto a Lisboa, tendo sido considerada o Melhor Trabalho de Fotografia de 2020, pela Sociedade Portuguesa de Autores.

Com opções de entrada livre e outras a preços até 5 euros, a restante programação do BasqueirArt 2021 integra ainda concertos por artistas como Ana Deus e Indignu, sessões de curtas e longas-metragens da 26.ª edição do CineEco Seia - Festival Internacional de Cinema Ambiental e a criação de um mural de arte urbana por Daniel Eime, entre outras iniciativas.

Leia Também: Nova ala do Palácio da Ajuda acolhe Museu do Tesouro que abre em novembro

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