Museu do Chiado evoca quadros da decoração de 1925 do café A Brasileira

Uma exposição com quadros de artistas modernistas vai celebrar, a partir de sexta-feira, os 50 anos da segunda decoração do café A Brasileira do Chiado, em 1971, partilhando memórias da original, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, em Lisboa.

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Lusa
22/06/2021 21:00 ‧ 22/06/2021 por Lusa

Cultura

Museu do Chiado

 

Intitulada 'A Brasileira do Chiado - Café Museu 1925-1971', a mostra é inaugurada no Museu Nacional de Arte Contemporânea (MNAC), onde ficará patente até 26 de setembro, com curadoria das historiadoras de arte Maria de Aires Silveira e Raquel Henriques da Silva.

No MNAC, será possível ver alguns dos quadros da decoração de 1925, e um conjunto de documentação, em grande parte inédita, da decoração realizada em 1971, nomeadamente 13 fotografias captadas por José Luís Madeira (1948-2012), que acompanhou a colocação das pinturas nas paredes de A Brasileira, exatamente na noite de 26 de junho de 1971.

Em 1925, A Brasileira passou a expor 11 telas de sete pintores portugueses da nova geração, da época, que frequentavam a sua sala: Almada Negreiros, António Soares, Eduardo Viana, Jorge Barradas, Bernardo Marques, Stuart Carvalhais e José Pacheko.

Em 1971, outras 11 telas foram assinadas por outros tantos novos pintores: António Palolo, Carlos Calvet, Eduardo Nery, Fernando Azevedo, João Hogan, João Vieira, Joaquim Rodrigo, Manuel Baptista, Nikias Skapinakis, Noronha da Costa e Vespeira.

Contactada pela Lusa, Maria de Aires Silveira, uma das curadoras da exposição, explicou que o fotógrafo José Luís Madeira "foi convidado a seguir toda a operação de decoração do café, em 1971", da qual ficou um registo completo.

"Toda a operação, desde o transporte à montagem, passando pelas reuniões e discussões dos críticos de arte [foi registada]. Imagens excelentes das obras, do espaço de café e do ambiente vivido na noite de 26 de junho de 1971, entre José-Augusto França, Rui Mário Gonçalves, Francisco Bronze, Fernando de Azevedo", personalidades da cultura que ali se reuniam frequentemente.

No museu, estarão duas pinturas de Almada Negreiros - "As Banhistas" e "Autorretrato em grupo", ambos de 1925, pertencentes à Fundação Calouste Gulbenkian - Coleção de Arte Moderna, e uma pintura de António Soares, "Interior", também de 1925, da coleção particular Galvão Teles.

O café lisboeta A Brasileira, foi fundado em 1908, por Adriano Teles, "e mantido, quase miraculosamente ao longo de mais de um século, em relação aos valores decorativos que o modernizaram em 1925", recorda a curadora.

"Eram mesas em que estavam o [Eduardo]Viana, o Almada [Negreiros], a [Maria Helena] Vieira da Silva e o Arpad [Szenes]. Havia uns grupos, e havia uns PIDES [polícia política da ditadura de Salazar]. Mas era um ponto de encontro, era A Brasileira. A Brasileira realmente tinha uma vida especial", escreveu o pintor Manuel Baptista sobre o histórico café, no largo do Chiado.

A acompanhar as pinturas e as fotografias ampliadas da reportagem de José Luís Madeira, em 1971, o museu irá lançar um catálogo, com investigação realizada por Inês Silvestre, que inclui textos da duas curadoras.

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