Viviane De Muynck regressa hoje ao Festival de Almada com 'Molly Bloom'

A companhia belga Needcompany sobe hoje ao palco da Incrível Almadense para apresentar 'Molly Bloom', peça que dá vida ao monólogo interior da mulher de Leopold Bloom no último capítulo de 'Ulisses' de James Joyce.

Notícia

© Mandy Cheng/AFP via Getty Images

Lusa
20/07/2021 08:56 ‧ 20/07/2021 por Lusa

Cultura

Incrível Almadens

Com esta peça que criou e adaptou com Jan Lauwers, Viviane De Muynck regressa ao Festival de Almada com um trabalho que, em 2018, lhe valeu o prémio Ultima de mérito cultural pelo Governo flamengo.

A partir do último capítulo de 'Ulisses', a atriz belga dá vida à mulher de Leopold Bloom, Molly Bloom.

"Símbolo da feminilidade, os seus pensamentos e o seu sentido de humor sobre os homens da sua vida, sobre a sua situação nesse momento, sobre as suas recordações, sobre a sua alegria de viver, são uma lição sobre como abordar a perda e o sofrimento", lê-se no programa do festival a propósito da personagem da peça.

Em 1999, De Muynck e Lauwers pediram autorização aos herdeiros de Joyce para trabalhar o último capítulo de 'Ulisses', tendo recebido uma proibição explícita através de várias "cartas ofensivas", como recorda a companhia no seu 'site'.

Considerando este o seu melhor papel de sempre, De Muynck retomou o texto já com a obra fora da direitos de autor.

Falado e inglês e legendado em português, 'Molly Bloom' tem dramaturgia de Elke Janssens e figurinos de Lot Lemm. O espetáculo está em cena até dia 25, último dia do festival.

No dia 21, é a vez de a companhia espanhola Lazona levar ao palco do Cine-Teatro da academia Almadense 'Miguel de Molina a nu'.

Neste espetáculo, interpretado por Ángel Ruiz, tenta repor-se a verdade sobre a história pessoal do dançarino de flamenco Miguel de Molina (1908-1993).

Perseguido pela Espanha de Franco, Miguel Molina viu-se envolvido numa "onda de calúnias, cuja finalidade era denegri-lo", em parte devido à sua homossexualidade, que Molina nunca renegou, muito pelo contrário, lê-se no programa do festival.

Sobre o espetáculo, Félix Estaire, que assina a encenação, escreve: "Abordámos este trabalho tendo em mente a ideia de levar para a cena uma personagem observada a partir de múltiplos pontos de vista - da dimensão pessoal à dimensão profissional, percorrendo a sua vida e o seu legado como um espelho no qual podemos ver-nos refletidos".

Falada em castelhano com legendas em português, a peça terá mais quatro representações nos quatro dias seguintes.

Colóquios, exposições e um curso de formação - 'O sentido dos mestres' - contam-se entre as atividades paralelas do certame, que este ano apresenta 21 espetáculos de sala, num total de 108 sessões.

O festival decorre até 25 de julho em cinco espaços em Almada e dois em Lisboa.

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