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"Geração que viveu Abril não soube politizar os seus filhos"

Capicua, a "rapper" portuguesa que usa o "rap" para "digerir" o que observa, considera que a geração que viveu a revolução de Abril de 1974 "não soube politizar os seus filhos" para que sejam hoje mais interventivos na sociedade.

"Geração que viveu Abril não soube politizar os seus filhos"
Notícias ao Minuto

10:15 - 27/02/14 por Lusa

Cultura Capicua

*** Por Sílvia Borges da Silva, da agência Lusa ***

Lisboa, 27 fev (Lusa) - Capicua, a "rapper" portuguesa que usa o "rap" para "digerir" o que observa, considera que a geração que viveu a revolução de Abril de 1974 "não soube politizar os seus filhos" para que sejam hoje mais interventivos na sociedade.

Em entrevista à agência Lusa, a propósito do álbum "Sereia Louca", que edita na segunda-feira, Capicua afirmou que considera que, nos últimos anos, têm surgido mais músicas sobre a realidade social portuguesa, mas desculpabiliza os músicos jovens por não serem mais interventivos.

"Eu não aprendi na escola como é o nosso sistema de segurança social e sistema fiscal. O que é a diferença entre a Esquerda e a Direita. Aprendi com o meu pai. Se as pessoas têm medo de falar de política em casa, não podem estar à espera que os filhos vão para as manifestações ou que escrevam trovas do PREC. Eles não sabem a história, porque é que haveriam de a apanhar por osmose?", pergunta Capicua em entrevista à Lusa.

A "rapper" edita, na segunda-feira, o álbum "Sereia Louca", no qual aborda questões que lhe interessam e a preocupam, como a condição da mulher, a ecologia, a relação dos portugueses com o seu passado, a memória, o amadurecimento.

É talvez a sua forma de participar na sociedade, embora admita que não existe muito a "cultura de discussão" do que são os problemas dos portugueses: "Se não cultivamos nas pessoas o interesse por aquilo que são as coisas que influenciam a sua vida diretamente, se não estimulamos a cidadania, se temos medo de falar de política enquanto povo, não podemos esperar que as pessoas sejam super interventivas. Acho que isso acontece também com os músicos".

Ainda assim, Capicua - Ana Fernandes, nascida há trinta anos, no Porto - reconhece que "está cada vez mais difícil ser imune".

"Até nos podemos alienar e viver num mundo fácil, mas basta andar na rua, conhecer amigos que emigram, pessoas que ficam sem emprego, mais sem abrigo, pessoas que não andavam a pedir e que agora andam, casas à venda em todo o lado. É cada vez mais difícil não falar sobre isso", disse.

Capicua apresentará o álbum "Sereia Louca" em dois concertos: A 29 de março, no Plano B, no Porto, e a 05 de abril, no Musicbox, em Lisboa.

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