Mindelact arranca sexta-feira em Cabo Verde com 67 espetáculos
A 27.ª edição do Festival Internacional de Teatro de Cabo Verde (Mindelact) arranca esta sexta-feira, prevendo 67 espetáculos, que voltam a ter a lotação máxima, e um teatro radiofónico, entre as ilhas de São Vicente e de Santiago.
© Lusa
Cultura Cabo Verde
O festival vai decorrer de 5 a 15 de novembro e de acordo com presidente da associação Mindelact, João Branco, a programação da edição deste ano, designada "esperança", conta "67 espetáculos, de 14 países", sendo que "muitos em estreia mundial" e com artistas de três continentes.
"Depois de, em 2020, termos teimado em resistir à conjuntura mundial e insistido em manter a chama da arte viva com o festival possível, em 2021, mais uma vez colocamos, no meio de luto e no meio de luta, o Mindelact que todos conhecem nos palcos do Mindelo e da Praia, dando corpo a uma esperança que é tudo menos abstrata", refere o editorial do festival deste ano.
No arranque, na sexta-feira, sobe ao palco principal, no Centro Cultural do Mindelo, a peça "A Aurora Negra", com Cleo Diára (Portugal), Isabél Zuaa (Angola) e Nádia Yracema (Cabo Verde).
"'A Aurora Negra' será a abertura feita por artistas africanas residentes em Lisboa, espetáculo que já foi premiado do teatro Dona Maria II. É uma temática interessante que tem a ver com ser mulher negra em Portugal, em que trazem à tona numa linguagem bastante biográfica as suas vivências", explicou João Branco.
Considerado uma referência nos festivais de teatro entre os países africanos de língua oficial portuguesa, a edição de 2021 do Mindelact tem o "alto patrocínio" da Câmara Municipal de São Vicente, do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas de Cabo Verde e do instituto Camões de Portugal.
Durante esta edição será assinalado o 30.º aniversário da icónica companhia de dança cabo-verdiana Raiz di Polon, que apresentará uma reinterpretação da peça "CV Matrix 46", em 13 de novembro, no palco principal, no Mindelo.
Segundo a organização, os artistas de 14 países representam "um amplo leque de linguagens em que se sobressaem a inovação, a contemporaneidade e o caráter experimental de muitas das propostas", mas todos "partilham a missão de abrir mentes, iniciar debates sobre temas importantes da atualidade" e "reflexão sobre mentalidades".
O palco principal do Centro Cultural do Mindelo, ilha de São Vicente, vai acolher os espetáculos de maior dimensão, enquanto os mais intimistas serão apresentados no auditório da ALAIM, e outros palcos com espetáculos alternativos.
O festival incluirá outras artes, como exposições artísticas e literárias, a retoma da extensão na cidade da Praia, ilha de Santiago, prosseguindo igualmente a vertente do teatro digital, transmitidas em direto nas redes sociais.
Esta edição do Mindelact integra ainda um teatro radiofónico inspirado no trabalho desenvolvido em Elvas pela companhia portuguesa Um Coletivo, que volta agora a Cabo Verde.
"No período do confinamento um dos projetos que desenvolveram foi uma amostra de teatro radiofónico, na qual ficamos muito interessados. E visto que em Cabo Verde já houve uma tradição muito viva deste tipo de teatro, entrámos em contacto e desafiámo-los a fazerem uma seleção dos trabalhos que fizeram em 2020 e este ano", explicou anteriormente o também encenador João Branco.
A programação prevê assim 13 peças transmitidas pelas rádios, naquilo que João Branco promete ser "uma maravilhosa viagem no tempo, com trabalhos também de autores cabo-verdianos que residem em Portugal".
Além de Cabo Verde e Portugal, mais 12 países estarão representados nos diversos palcos preparados para a programação do festival de 2021, com especial destaque para países africanos.
"Há duas questões que nos impediam antes de trazer grupos do continente africano. A primeira tem a ver com a informação que não circula, onde a maior parte das companhias não têm 'sites' próprios, o que torna difícil conhecermos os trabalhos que são feitos nestes países. A segunda está relacionada com os transportes e, por exemplo, é muito difícil fazer chegar uma companhia de Moçambique, onde há um teatro muito rico, inclusive com o estabelecimento em Maputo de muitas companhias profissionais, mas é incomportável do ponto de vista financeiro por causa das escalas dos voos", lamentou Branco.
Contudo, admitiu, o confinamento devido à pandemia de covid-19 permitiu que conhecessem o trabalho destes grupos, com a participação em projetos onde havia grupos de diferentes países africanos, alargando a "rede de afetos" do Mindelact. Assim, nesta edição estarão presentes além de Cabo Verde, trabalhos de Angola, Senegal, África do Sul, Togo e Quénia.
Devido ao desagravamento da situação epidemiológica em Cabo Verde, conforme alterações legais introduzidas já no final de outubro pelo Governo, a lotação das salas de espetáculos, e também do Mindelact, voltou a estar autorizada até 100%, estando dependente da apresentação de certificados de vacinação e do uso de máscaras.
"Num ano em que Cabo Verde e o mundo conviveram com perdas irreparáveis enquanto vislumbraram a aurora a se desenhar no horizonte, somos lembrados, de forma particularmente aguda, do valor único de cada momento que já passamos e que ansiamos poder passar nos muitos ou poucos preciosos dias que nos restam nesta vida que mais do que nunca temos a consciência de ser um improviso sem guião", refere a organização.
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