A representante da Ucrânia no Festival Eurovisão da Canção, Alina Pash, desistiu esta quarta-feira da sua participação no concurso de música. Em causa está uma viagem da cantora de 28 anos à Crimeia em 2015.
“Sou uma cidadã da Ucrânia. Sigo as leis da Ucrânia. Tento levar as tradições e os valores da Ucrânia para o mundo. O rumo desta história não é nada do que eu coloquei na minha música”, começou por afirmar a cantora na rede social Instagram, sublinhando que é “uma artista” e não “um político”.
Alina Pash foi eleita a representante do país após ganhar a final nacional Vidbir no passado sábado, dia 12, com o tema ‘Shadows of Forgotten Ancestors’. A sua participação foi colocada em causa uma vez que a entrada na Crimeia - território anexado pela Rússia em 2014 - é proibida, salvo autorização das autoridades ucranianas.
“Não quero esta guerra virtual e este ódio. A guerra principal agora é externa e chegou ao meu país em 2014. Não quero fazer mais parte desta narrativa suja. Com o coração pesado, retiro a minha candidatura como representante da Ucrânia no Festival Eurovisão da Canção”, acrescentou.
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No domingo, a emissora estatal Suspilne adiantou que, segundo documentos fornecidos pelos serviços de fronteiras, a viagem não violou a lei. Já na segunda-feira, a emissora avançou em conferência de imprensa que o contrato da cantora para a sua participação no certame ainda não estava finalizado e que só seria assinado após uma análise à autenticidade dos documentos apresentados, uma vez que foi recebida uma denúncia de uma “possível falsificação do certificado de transposição da fronteira estatal com a Crimeia por Alina Pash”
“[A Suspilne] não assinará um acordo sobre a participação no Festival Eurovisão da Canção com a vencedora da seletiva nacional até à investigação e à averiguação de factos estar concluída”, afirmou.
Uma hora antes de anunciar a sua desistência, Alina Pash publicou um comunicado também no Instagram onde dava conta que um membro da sua equipa falsificou os documentos sem o seu conhecimento.
“Enquanto esperávamos uma resposta oficial ao meu pedido [para entrar na Crimeia] à Guarda de Fronteira, um membro da minha equipa tentou encontrar essa informação o mais rápido possível e escolheu o caminho errado com o qual eu ou qualquer um de nós concordaria. (...) Ninguém na minha equipa tinha motivos para acreditar que o certificado não era válido”, explicou.
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“A maneira como e onde um membro da nossa equipa conseguiu obter o documento é atualmente desconhecida. Se as informações fornecidas por um membro da nossa equipa à emissora estatal forem falsas, a aplicação da lei e o tribunal devem tirar as suas próprias conclusões. Da nossa parte, estamos prontos para ajudar a estabelecer a verdade”, frisou.
Esta não é a primeira que uma visita de um cantor à Crimeia invalida a participação no Festival Eurovisão da Canção. Em 2019, Maruv acabou por desistir após ser criticada por visitar ilegalmente o território e rejeitar cancelar concertos agendados na Rússia.
Dois anos antes, em 2017, quando o festival decorreu em Kiev - após a vitória de Jamala com o tema ‘1994’ -, a representante russa Julia Samoylova foi impedida de entrar na Ucrânia devido a uma visita à Crimeia.
Ouça a canção de Alinha Pash, ‘Shadows of Forgotten Ancestors’, escolhida para representar a Ucrânia:
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