Miguel Gallardo "não só foi um dos pilares da banda desenhada espanhola", por ter co-criado em 1977 a personagem Makoki, "símbolo da BD independente dos anos 1980", como "teve um papel determinante na revista El Víbora, conclave contracultural por excelência", escreveu a agência noticiosa Efe.
O autor morreu em casa, em Barcelona, pouco mais de dois anos depois de lhe ter sido diagnosticado um tumor celebral. A batalha pessoal contra a doença ficou registada no livro "Algo extraño me pasó camino de casa", publicado em 2020.
O jornal El Mundo escreveu hoje que Miguel Gallardo foi "um dos maiores representantes da novela gráfica e da ilustração nos últimos 40 anos em Espanha", enquanto o El País recorda que muitas das suas criações artísticas se baseavam na vida pessoal e nas viagens pelo mundo.
Um dos maiores sucessos de Miguel Gallardo intitula-se "María e eu", um livro que aborda o autismo da filha, tendo sido publicado em Espanha em 2008.
No livro, que saiu em Portugal em 2012, Gallardo relata uma semana de férias com a filha, descrevendo as características particulares de quem é autista e a forma como os outros olham para ela, precisamente por causa do autismo.
A obra recebeu o Prémio Nacional de Banda Desenhada da Catalunha e deu origem a um documentário, nomeado para os prémios Goya.
Em 2011, Miguel Gallardo publicaria ainda "Un largo silencio", sobre o pai, um militar republicano durante a Guerra Civil de Espanha.
Miguel Gallardo, que se dizia um 'tradujante' - alguém que traduz em imagens o que os outros pensam em palavras -, desenhou para a imprensa espanhola e internacional, nomeadamente para o jornal The New York Times e para a revista The New Yorker, e, em 2013, recebeu o Prémio Gráfica de Carreira.
A novela gráfica "El gran libro de los perros", sobre as aventuras da cadela Cala, escrito em parceria com a mulher, Karin Croo, já sairá a título póstumo, em março.
Recentemente, a câmara municipal de Barcelona tinha proposto a atribuição ao autor da medalha de ouro de mérito cultural.