Capicua em destaque no festival 'Poesia à Mesa' de São João da Madeira
As letras da 'rapper' Capicua vão constar do festival 'Poesia à Mesa', que até 21 de março celebra esse género literário levando várias iniciativas a restaurantes, cafés, fábricas, escolas, autocarros e "espaços inusitados" de São João da Madeira.
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O evento, que arrancou na terça-feira e foi hoje apresentado, é promovido pela Câmara de São João da Madeira, no distrito de Aveiro, que para a sua 20.ª edição selecionou ainda outros cinco poetas: a angolana Alda Lara (1930-1962), os portugueses Vítor Nogueira e A. M. Pires Cabral, o cabo-verdiano Daniel Filipe (1925-1964) e, pela primeira vez na história do festival, um autor espanhol. A escolha recaiu sobre a galega Rosalía de Castro (1837-1885), no que a organização descreve como "um alargamento geográfico e cultural" à poesia de uma língua "que é próxima" da portuguesa.
O presidente da Câmara Municipal de São João da Madeira, Jorge Vultos Sequeira, apontou essa novidade como um dos aspetos mais positivos do festival que, em 2020 e 2021, sofreu várias restrições em termos de audiência física e apostou sobretudo em iniciativas 'online'.
"Voltámos ao formato presencial após dois anos de pandemia e, seja em palcos convencionais, em lojas ou em espaços menos comuns, o festival deste ano vai conjugar o poema impresso -- em materiais desde aventais, toalhetes e sacos de pão até receituários e lápis -- com a poesia dita, cantada, exposta, trabalhada, conversada e até pendurada na corda", declarou o autarca à Lusa.
A supervisão do programa de 2022 cabe a Carla Relva, que, enquanto coordenadora da Biblioteca Municipal de São João da Madeira, realçou que, em 20 anos de evento, o 'Poesia à Mesa' já divulgou assim '120 poetas e a sua obra'.
Quanto ao cartaz deste mês, destaca propostas como a 'Peregrinação Poética', uma arruada por vários pontos da cidade com Capicua, Vítor Rodrigues e oito grupos de animação locais, e a sessão 'Poetizando', em que o cantor Fernando Tordo aborda temas do seu livro de poemas 'Não Me Tapes o Caminho em Frente, Mesmo que Não Vá Dar ao Futuro'.
O psiquiatra Júlio Machado Vaz e o músico Pedro Joia vão protagonizar um 'Serão Poético', telas com paisagens abstratas evocarão a poesia do pintor-poeta Mário Cesariny, Paulo Condessa declamará versos dos seus livros numa sessão com música de taças tibetanas e o jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho vai ler outros poemas com a cantora Daniela Onís e o músico Ruben Alves.
Contudo, fábricas, estabelecimentos de restauração, escolas e autocarros serão os palcos onde se dará a ouvir maior diversidade de poetas, sendo que para os centros de saúde e de vacinação está prevista a distribuição de receitas com poemas selecionados para curar males como a apatia e o tédio. Exemplo de posologia recomendada: o poema prescrito deve ser lido "em jejum", "antes das refeições" ou a intervalos de 4, 8 ou 12 horas.
"Madura e eclética, a poesia andará à solta, pelas ruas da cidade, pelas salas de espetáculo, pelos restaurantes e padarias, pela voz dos apaixonados pela poesia, sendo sempre celebrada e interpretada de forma singular", diz Carla Relva.
Na conferência de imprensa desta manhã sobre o evento, Jorge Vultos Sequeira anunciou que o programa do 'Poesia à Mesa' será remetido para a embaixada da Rússia em Portugal, como "uma mensagem de paz e de apelo ao fim da invasão da Ucrânia".
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