Será o único concerto dos Moscow Death Brigade (MDB) no país, integrado na digressão europeia que os leva também a Espanha, França, Alemanha, República Checa, Bélgica e Reino Unido, num total de três dezenas de datas.
A mistura de hip-hop, punk e techno que fazem carrega "uma mensagem de união contra o ódio, discriminação e propaganda", que se projeta pela música e em ações de angariação de apoio a "organizações que auxiliam refugiados, vítimas de abuso sexual e violência doméstica e outros grupos vulneráveis", explicou o grupo à agência Lusa.
Atualmente, estão a vender t-shirts, revertendo a receita para organizações que ajudam refugiados, "independentemente da nacionalidade, etnia ou religião", pessoas que fogem da guerra na Ucrânia, "incluindo da região de Donbass, para a Europa e para a Rússia".
"Como qualquer outro indivíduo são, opomo-nos a qualquer guerra e à violência em geral", responderam os MDB, que mantêm "uma postura antimilitar e antiautoritarismo" desde a fundação, em 2007.
"A nossa posição não mudou", garantiram, e, por isso, continuam a fazer música "contra qualquer guerra e a sua propaganda", organizando ações de apoio a refugiados de guerras em diferentes partes do mundo.
Para os três músicos russos, dois 'rappers' e um DJ, a invasão da Ucrânia "é uma catástrofe absoluta que está a acontecer".
"E é também uma tragédia para o povo russo - obviamente numa escala diferente da situação do povo ucraniano apanhado na zona de guerra - porque, apesar dos esforços de propaganda de ambos os governos, do 'ocidente' e da comunicação social, populações dos dois países sempre tiveram fortes relações umas com as outras", sublinharam os MDB.
"Quase todas as pessoas que conhecemos na Rússia têm parentes, familiares ou pelo menos amigos chegados na Ucrânia", lembraram.
Apesar do ambiente antirrusso que se vive na Europa, os músicos ainda não sentiram na pele a discriminação nesta digressão.
"Não tivemos problemas até agora. Nem esperamos ter. Acreditamos que o nosso público e as pessoas com quem trabalhamos são lúcidas, clarividentes e têm mente aberta, percebendo que julgar pessoas pelos atos dos seus governos ou representantes não é mais do que flagrante nacionalismo, chauvinismo e uma tentativa de atribuir responsabilidades a um coletivo".
Pela primeira vez em Portugal, a banda russa vai atuar no Texas Bar, uma sala de concertos na localidade de Barreiros, freguesia de Amor, no concelho de Leiria.
"Nunca tocámos em Portugal até hoje, mas já o desejávamos há muito tempo. Recebemos muitos 'e-mails' e mensagens de fãs portugueses nestes anos e estamos desejosos para festejar agora com eles", prometeram os MDB, cujas atuações "frequentemente redundam num redemoinho de 'mosh' e 'stage diving' devido ao entusiasmo dos espetadores".
Quando regressarem à Rússia após a digressão em curso, os MDB ainda não sabem o que os espera. Mas desconfiam que a mensagem de não-agressão que estão a difundir nos seus concertos e a iniciativa solidária lhes tragam mais problemas, uma vez que já estão proibidos de dar concertos na Rússia por constarem de uma "lista negra".
"Ainda não tivemos problemas. Mas não temos ideia do que o futuro nos reserva, porque muitas pessoas que protestam na Rússia contra esta agressão já sofreram duras consequências da parte do Estado", responderam os músicos, que atuam mascarados sob os pseudónimos Vlad Boltcutter, Ski Mask G e Ghettoblaster G-Ruff.
Sobre a guerra, fica o desejo para que cesse imediatamente: "Este conflito é uma tragédia e desejamos que termine o mais rapidamente possível, para o bem de todas as pessoas apanhadas na zona de guerra e que enfrentam a morte e a desolação".
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