Museu Picasso de Málaga recebe grande retrospetiva de obra de Paula Rego
O Museu Picasso de Málaga, no sul de Espanha, inaugura hoje "uma grande retrospetiva" da pintora portuguesa Paula Rego, uma artista que "redefiniu a arte figurativa e revolucionou a representação das mulheres".
© Lusa
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A exposição, que pode ser visitada pelo público a partir de quarta-feira e até 21 de agosto, vai ser inaugurada ao final da tarde pelo Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, com várias autoridades regionais da Andaluzia, entre elas a Conselheira para a Cultura e Património Histórico do Governo regional, Patricia del Pozo Fernández, e o presidente da Câmara Municipal de Málaga, Francisco de la Torre Prados
A mostra cobre cinquenta anos da carreira de Paula Rego, que nasceu em 1935 e que, segundo o Museu Picasso, é "uma das artistas mais originais e aclamadas do nosso tempo, que reinventou a pintura figurativa e a forma de representar as mulheres e as suas histórias".
A pintora fez-se representar na inauguração da exposição pelo seu filho Nick Willing, um realizador, produtor e escritor britânico de filmes e séries de televisão, que explicou à Lusa que a sua mãe não se pôde deslocar ao sul de Espanha porque se encontra em recuperação de uma operação realizada há quatro semanas.
Vão estar expostas mais de oitenta obras da artista portuguesa, incluindo colagens, pinturas, pastéis de grande formato, desenhos e gravuras, abrangendo desde o seu trabalho nos anos 1960 até "às cenas ricamente estruturadas e estratificadas" das duas primeiras décadas deste século.
O Museu Picasso considera que Paula Rego "é uma artista insubornável com uma extraordinária imaginação que redefiniu a arte figurativa e revolucionou a representação das mulheres".
As pinturas, colagens e desenhos dos anos de 1960 e 1970 de Paula Rego "opõem-se apaixonada e ferozmente à ditadura portuguesa, utilizando uma ampla variedade de fontes de inspiração nas quais se incluem anúncios, caricaturas e notícias de imprensa".
A instituição sublinha que ao longo da sua carreira, Paula Rego tem sido "fascinada por contar histórias", incluindo a exposição gravuras da sua série "Nursery Rhymes" (1989), na qual "mergulhou na estranheza e crueldade das tradicionais rimas infantis britânicas".
Parte da exposição são também os grandes pastéis de figuras femininas isoladas que Paula Rego fez durante os anos 1990 e 2000, em séries como "Aborto", a fonte de algumas das suas imagens mais conhecidas e mais marcantes, que a artista se orgulhava de ver integradas na campanha para a legalização do aborto em Portugal e que retratam as mulheres no dia seguinte a um aborto ilegal.
A exposição de Paula Rego é organizada pela Tate Britain em colaboração com o Kunstmuseum Den Haag e o Museo Picasso de Málaga e tem a curadoria de Elena Crippa, curadora de Arte Moderna e Contemporânea da Tate Britain, juntamente com Zuzana Flasková, curadora assistente daquele museu britânico.
Antes de Málaga, a exposição já esteve em Londres, no Reino Unido, e em Haia, nos Países Baixos.
Paula Rego nasceu em Lisboa, Portugal, em 1935, sob a ditadura de António de Oliveira Salazar e os seus pais, antifascistas e anglófilos, queriam que a sua filha vivesse num país liberal, o que a levou que aos 16 anos fosse matriculada numa escola para raparigas em Kent, Inglaterra.
Em seguida, estudou pintura na Slade School of Fine Art em Londres (1952-1956), onde teve entre os seus colegas Victor Willing, com quem se casou em 1959.
Nas últimas décadas, a pintora tem abordado temas políticos, como o abuso de poder, e também sociais, como o aborto e a mutilação genital, entre outros do universo feminino.
Em 2004, foi elevada a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal pelo então Presidente da República, Jorge Sampaio, e, em 2010, foi nomeada Dame Commander of The Order of the British Empire pela Coroa Britânica, pela sua contribuição para as artes. Em 2016 recebeu a medalha de honra da cidade de Lisboa.
Em 2019, a pintora foi distinguida com a Medalha de Mérito Cultural, pelo Ministério da Cultura.
A obra de Paula Rego está representada em várias das mais importantes coleções públicas e privadas em todo o mundo.
O Museu Picasso de Málaga é uma das várias galerias de arte dedicadas ao grande pintor espanhol Pablo Picasso conhecido como o cofundador do movimento cubismo.
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