Serralves lembra Paula Rego, que mostrou que "nada é simples e imediato"
A Fundação de Serralves lembrou, esta quarta-feira, a artista Paula Rego como alguém que, "em tempos inclinados a polarizações", deixa como recordação a certeza de que "nada é simples e imediato".
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Cultura Paula Rego
Em comunicado, a Fundação de Serralves "lamenta profundamente o desaparecimento de Paula Rego, uma das artistas com maior reconhecimento não só em Portugal, país onde nasceu e cresceu, e em Inglaterra, onde estudou e depois viveu até à sua morte, mas também por todo o mundo".
Serralves, no Porto, lembrou as duas exposições maiores que acolheu da artista: a antológica de 2004, no Museu de Arte Contemporânea, e a "O Grito da Imaginação", na Casa, entre 2019 e 2020, ambas vistas por centenas de milhares de visitantes.
A fundação presidida por Ana Pinho salientou que Paula Rego era hábil "em casar aparentes opostos, nomeadamente a infância e a crueldade, as crianças e a perversidade, o mundo feminino e a força, o patriarcado e a debilidade".
"Os excessos, abusos e truculência (a que são submetidas -- mas que também conseguem infligir -- crianças e mulheres) podem estar associados na sua obra ao reconhecimento imediato (permitido pela figuração), mas a sofisticação e a radicalidade dos seus trabalhos residem na complexidade moral com que constantemente nos confrontam", realçou Serralves, em comunicado.
A fundação remata que "em tempos inclinados a polarizações e entrincheiramentos, Paula Rego recorda para sempre que nada é simples e imediato".
A pintora Paula Rego, uma das mais aclamadas e premiadas artistas portuguesas a nível internacional, morreu na manhã desta quarta-feira, aos 87 anos, disse à agência Lusa o galerista Rui Brito.
Paula Rego estudou nos anos 1960 na Slade School of Art, em Londres, onde se radicou definitivamente a partir da década de 1970, mas com visitas regulares a Portugal, onde, em 2009, foi inaugurado um museu que acolhe parte da sua obra, a Casa das Histórias, em Cascais.
Nascida a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa, foi galardoada, entre outros, com o Prémio Turner, em 1989, e o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso, em 2013, além de ter sido distinguida com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, em 2004. Em 2010, recebeu da Rainha Isabel II a Ordem do Império Britânico com o grau de Oficial, pela sua contribuição para as artes.
Em 2019, recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Governo de Portugal.
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