A obra de arte 'Slingshot Rat' do famoso autor mistério Banksy originalmente pintada para protestar contra a barreira de separação de Israel na Cisjordânia reapareceu numa galeria em Tel Aviv, provocando debate sobre o papel da arte pública e a legalidade de remover objetos culturais de terras ocupadas.
Esta peça foi originalmente pintada num bloco de cimento em Belém ao lado de uma secção do muro em 2007. Algum tempo depois, a pintura foi escurecida e grafitada com as palavras “RIP Banksy Rat” (Descansa em paz rato do Banksy), e acabou recortada e removida por pessoas desconhecidas.
Segundo o jornal The Guardian, a pintura foi comprada pelo negociante de arte Koby Abergel a palestinos que a tinham em residências particulares até ao início deste ano.
Sendo o próprio sócio da galeria Urban, onde o trabalho está atualmente a ser exibido, Abergel revelou ao jornal que comprou a peça de Banksy a um associado em Belém e não tinha planos de vendê-lo. Recusou-se ainda a divulgar a quantia que pagou ou identificar o vendedor, porém insistiu na legalidade do negócio.
Segundo o negociante, a tinta acrílica que tinha sido pulverizada sobre o trabalho original foi cuidadosamente removida e o bloco de cimento de 400 kg foi colocado numa estrutura de aço para puder ser levantado num caminhão para o seu novo local.
O 'Slingshot Rat' passou por pelo menos um posto de controlo militar na viagem até a Tel Aviv e tanto os militares israelitas como o Ministério da Defesa de Israel, responsável pela gestão civil na Cisjordânia, revelaram não ter conhecimento da obra de arte ou da sua viagem.
De acordo com a Convenção de Haia de 1954 que rege os bens culturais de que Israel é signatário, as potências ocupantes devem impedir a remoção de bens culturais dos territórios ocupados, o que não aconteceu neste caso.
Esta já não é a primeira vez que as obras de arte de Banksy são removidas da Cisjordânia: o mesmo já tinha acontecido duas vezes. As obras 'Wet Dog' e 'Stop and Search', ambas criadas em Belém, foram compradas por galerias de arte nos EUA e no Reino Unido e exibidas em 2011.
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