O livro "Macau Modern Architecture -- Walking Guide" (Arquitetura Moderna de Macau -- Guia para Caminhadas) vai ser lançado na quinta-feira pelo centro local da Docomomo, uma organização internacional de defesa do património arquitetónico moderno.
O presidente da Docomomo Macau disse à Lusa que os 40 selecionados "são todos edifícios notáveis", construídos entre os anos 30 até aos anos 70, durante a administração portuguesa, e desenhados tanto por arquitetos chineses como por portugueses e macaenses.
O guia não tem como alvo apenas os arquitetos, mas pretende sim encorajar todos os residentes e turistas na "descoberta de camadas escondidas da história da arquitetura" da região chinesa, sublinhou.
O livro divide os edifícios em oito passeios, correspondendo a diferentes áreas de desenvolvimento urbano de Macau, convidando as pessoas a "caminhar pela cidade, com o guia na mão", explicou Rui Leão.
O arquiteto radicado em Macau defendeu que "cada vez mais há um interesse muito grande em descobrir o património", algo que pode contribuir para a sua proteção, mas "há muito pouca informação de fácil uso".
A promoção do património arquitetónico pode também ajudar o território a oferecer aos turistas "mais do que uns caixotes com máquinas de jogo e ar condicionados e isso a longo prazo não é suficiente", alertou.
A apresentação do guia vai incluir um evento, sobre a ligação entre o património moderno e a identidade", com Agnes Lam Iok Fong, professora da Universidade de Macau, a presidente da Associação de Arquitetos de Macau, Christine Choi, e o historiador Chan Shui Wing.
Rui Leão sublinhou que será a primeira de cinco conversas sobre a arquitetura moderna de Macau. A segunda, marcada para 06 de outubro, irá debater a relevância do património moderno no quadro das atuais políticas do território.
O objetivo é "alargar a discussão sobre a importância da salvaguarda do património para a identidade das comunidades, algo que não é uma conversa fácil no caso de Macau, neste período pós-colonial", admitiu o arquiteto.
"Há alguns edifícios [modernos] que estão muito danificados e que olhando para eles atualmente se calhar não se consegue identificar a qualidade original do projeto", lamentou o também presidente do Conselho Internacional dos Arquitetos de Língua Portuguesa.
Rui Leão lembrou que "a pressão sobre o centro histórico" de Macau, por parte dos interesses imobiliários, já levou à demolição de "zonas inteiras" de arquitetura tradicional chinesa e deixou a cidade "muito descaracterizada".
A perda do património arquitetónico do século 20 seria "irreversível" e deixaria Macau "ainda mais esvaziada de valor", porque os edifícios são "testemunho do que a cidade foi e representou", alertou.
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