Godard foi "um operador de ruturas constantes" no cinema
O realizador franco-suíço Jean-Luc Godard, que morreu hoje, foi um "operador de ruturas constantes", o que o tornou uma figura ímpar na História do cinema, disse à Lusa o diretor da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa.
© Getty Images
Cultura Jean-Luc Godard
"É alguém que corporiza, consubstancia, saltos enormes dentro do cinema feitos na sua própria obra. Ele representa várias idades do cinema dentro do seu caminho. Penso que é único, na maneira como ele fez isso", sublinhou José Manuel Costa.
Jean-Luc Godard, um dos pilares da 'Nouvelle Vague' francesa, movimento que revolucionou o cinema a partir dos anos 1950, morreu hoje em casa em Rolle, na Suíça, aos 91 anos.
Autor de filmes como "O Acossado" (1960), "Bando à Parte" (1964), "Pedro, o Louco" (1965) ou os mais recentes "Filme Socialismo" (2010), "Adeus à Linguagem" (2014) e "O Livro de Imagem" (2018), Jean-Luc Godard ficou conhecido "pelo seu estilo de filmar iconoclasta, aparentemente improvisado, bem como pelo seu inflexível radicalismo", como recordou o jornal The Guardian.
Para José Manuel Costa, Jean-Luc Godard "não é só um grande, grande nome do cinema. É um operador de ruturas constantes e de saltos que, na História anterior das artes, nas outras artes tradicionais anteriores ao cinema, aconteceram provavelmente ao longo de séculos".
O diretor da Cinemateca lembrou que Godard entrou a meio da história do cinema, no século XX, e a partir desse momento "ele está sempre a avançar, pondo em causa não só o que vem antes dele e as etapas que vai construindo".
Dizer que o melhor período do percurso do realizador é o dos anos 1960 "é passar completamente ao lado do Godard. O grande período do Godard é até, pelo menos, 'O Livro de Imagem' (2018). Essa genialidade está lá nos últimos filmes como estava nos primeiros. Nunca parou e ele esteve nas ruturas e muitas vezes foi ele o homem da rutura", defendeu José Manuel Costa.
A Cinemateca Portuguesa, que tem feito várias retrospetivas do cinema de Godard, continuará a trabalhar sobre os filmes dele: "É um nome que vamos continuar a trabalhar sempre".
De acordo com a família, Jean-Luc Godard morreu pacificamente em casa e não está prevista qualquer cerimónia pública.
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