DGPC abre classificação da pintura 'Mês de Abril'
A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu um processo de classificação da pintura "Mês de Abril", datada de 1669, da autoria de Baltazar Gomes Figueira e Josefa de Ayalla, cujo anúncio foi publicado hoje em Diário da República.
© iStock
Cultura Património Cultural
A pintura a óleo, que faz parte da série "Os Meses", de Gomes Figueira e de sua filha Josefa de Óbidos, como é mais conhecida, foi adquirida por cerca de 260 mil euros em leilão a 12 de dezembro pelo Ministério da Cultura (MC) para ser integrada no acervo do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, na sequência de um parecer do diretor, Joaquim Caetano.
Segundo o anúncio publicado hoje em Diário da República, a obra "Mês de Abril", resultado da colaboração dos dois artistas, entra em vias de classificação, de acordo com o n.º 5 do artigo 25.º da Lei n.º 107/2001, ficando a constar do inventário.
Do pintor Baltazar Gomes Figueira (1604-1674), natural de Óbidos, conhecido por ser pai e mestre de Josefa de Ayala (1630-1684), uma das mais destacadas pintoras da história da arte antiga portuguesa, também tinha sido adquirida em fevereiro deste ano uma natureza morta por 60 mil euros, através de donativos ao MNAA.
Quanto a "Mês de Abril" - óleo sobre tela com dimensão de 115,5 centímetros por 176 centímetros - faz parte da série chamada "Os Meses", cuja tipologia se repete, com um fundo de paisagem alusivo a atividades de trabalho ou lazer associadas a um determinado mês do ano.
Num primeiro plano da pintura estão dispostos vários conjuntos de flores, cestas de bolos ou de frutos e ainda objetos de barro, prata ou vidro, repetindo muitas vezes associações ou composições conhecidas da oficina de Óbidos.
De acordo com uma descrição do MC sobre a obra, "a dimensão de paisagem das pinturas, todas apresentando formato e medidas semelhantes, tem particular interesse pela novidade -- são as mais antigas pinturas portuguesas conhecidas em que a paisagem assume um valor de representação isolada, por si só, fora do enquadramento iconográfico de uma cena religiosa".
Presumivelmente, indica ainda, a série seria composta pelos 12 meses do ano, seguindo uma composição semelhante para cada mês, muito embora a sua totalidade não seja conhecido.
De toda a série são conhecidos em Portugal cinco pinturas, as respeitantes aos meses de março e abril, que pertenciam à coleção dos antigos condes e marqueses de Sabugosa e Murça.
Duas outras pinturas, que foram já identificadas como "maio" e "julho", mas que representam possivelmente maio e agosto, segundo os especialistas, pertenciam à antiga coleção dos Condes de Arnoso. Uma outra pintura, também em coleção particular, representará possivelmente o mês de julho.
Em 2020, ainda segundo a tutela, surgiu num leilão em Espanha uma outra desconhecida pintura desta série, a sexta, com as mesmas dimensões e o mesmo tipo de composição, sendo o fundo ocupado por uma representação de um palácio com jardim, com várias figuras e o primeiro plano com vários conjuntos de "naturezas-mortas", uma delas com um cesto de figos, ameixas e peras, semelhante ao que aparece numa conhecida pintura atribuída a Josefa e Baltasar.
Os elementos relevantes do processo de abertura de classificação de "Mês de Abril", nomeadamente a fundamentação e despacho, vão estar disponíveis para consulta, reclamação ou recurso hierárquico na página eletrónica da DGPC www.patrimoniocultural.gov.pt, indica o texto do anúncio assinado pelo diretor-geral do Património Cultural, João Carlos dos Santos.
Leia Também: Grupo de trabalho criado para repensar estratégia da Rede de Museus
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com