Portugal tem de "saber estar à altura" da sua História com o Brasil
O ministro português da Cultura, Pedro Adão e Silva, afirmou hoje que Portugal tem de encarar e "saber estar à altura" da sua História com o Brasil, que é também "o resultado de uma história de violência".
© Lusa
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Pedro Adão e Silva falava no primeiro encontro oficial público com a ministra da Cultura do Brasil, Margareth Menezes, na iniciativa "Diálogos culturais luso-brasileiros", na Casa da América Latina, em Lisboa.
Margareth Menezes está em Portugal no âmbito da visita de Estado de cinco dias do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que começa hoje.
Artista brasileira com mais de trinta anos de carreira, e que assumiu a pasta brasileira da Cultura, Margareth Menezes reconheceu "a emoção" por ter em Portugal a sua primeira intervenção fora do Brasil, sublinhando que o seu foco é representar a diversidade cultural do país.
Há um "caldeirão cultural e de etnias". "Estamos dando oportunidade de ter uma nova maneira de fazer essa cultura. Queremos essa diversidade representada. Estamos vivendo esse momento no Brasil, com esse pensamento e retomar o que foi interrompido [com a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro]", disse.
Numa sessão lotada, Pedro Adão e Silva disse que este é "um momento de descobrimento mútuo" e "uma enorme alegria ter o Brasil de volta", depois de um "interregno demasiado longo para todos", numa referência aos quatro anos de administração do antecessor de Lula da Silva.
"Há uma responsabilidade na forma como nos projetamos, porque há muito desconhecimento recíproco, na forma como olhamos para os brasileiros e como os brasileiros nos olham a nós, portugueses. É um momento de descongelar essas imagens recíprocas. Ter capacidade de tirar esse gelo que preserva uma identidade que provavelmente nunca correspondeu a uma identidade existente e não é a que temos hoje", afirmou o ministro português da Cultura.
Nas vésperas da celebração dos 49 anos da Revolução de 25 de Abril de 1974, Pedro Adão e Silva disse que é preciso olhar para a História do país.
"Temos de saber estar à altura deste orgulho da História partilhada [com o Brasil] e não esquecer que se temos uma História partilhada é porque é o resultado de uma História de violência, da forma como os europeus chegaram à América do Sul. Acho que esses processos históricos, de longo alcance, complexos, cheios de contradições, devem ser encarados enfrentando essa complexidade", sublinhou.
Na sessão ambos lembraram que a língua portuguesa une os dois países, mas foi a música que serviu de ponte, com a ministra Margareth Menezes a pegar no microfone e a cantar "O que é, O que é?", do brasileiro Gonzaguinha, acompanhada por grande parte da plateia, em momentos, emocionada.
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