O NOS Alive é um festival que, principalmente nos últimos anos, tem variado o tipo de bandas que inclui no seu cartaz, misturando ao tradicional rock & roll - que marcou as suas primeiras edições - com artistas vindos do pop e do hip hop.
Na sexta-feira, segundo dia da 15.ª edição do festival, essa mistura foi patente: o palco principal foi aberto por Linda Martini, IDLES e Arctic Monkeys, três bandas conotadas com rock & roll 'pesado'... e depois seguiu-se o pop da energética Lizzo e o hip hop 'acountryzado' de Lil Nas X.
IDLES
Se Linda Martini começaram o aquecimento dos festivaleiros que iam ocupando as primeiras fileiras do palco NOS, neste segundo dia do festival, os britânicos IDLES, bons conhecedores da festa do Passeio Marítimo de Algés, levaram o pessoal ao rubro com os seus hinos antissistema. Anti-tudo, na realidade.
A abrir logo com a 'rockalhada' de 'Colossus', IDLES anunciaram logo ao que vinham: partir a loiça toda, sem medo a ninguém, gritando 'que se f*da o rei', numa alusão direta ao monarca Carlos III.
Uma tradição britânica, aparentemente, não berrassem os Sex Pistols, no longínquo ano de 1977, ironicamente, 'God save the queen [Deus salve a rainha]/ The fascist regime [O regime fascista]'. Não se cometa, no entanto, o 'crime' de comparar Sex Pistols a IDLES, uma vez que a banda de Joe Talbot já disse, repetidamente, que não é uma banda de punk. Mesmo. Em 2018, aliás, foi o próprio vocalista a afirmar, de uma vez por todas, num concerto em Manchester: "Pela última vez, não somos uma banda de punk."
'Anxiety', 'Car Crash' e 'Mr. Motivator' completaram o elenco do teatro de insurreição que são os concertos desta banda formada em Bristol, há mais de 13 anos, liderada pelo sempre enérgico Talbot, que ia preenchendo a sua camisa cor de salmão com dedicação e extensivo suor.
Os concertos de IDLES, já familiares ao Passeio Marítimo de Algés (estiveram por cá em 2019, no palco secundário) são sempre um bom motivo para 'abanar o capacete' e expressar todas as raivas e frustrações contra a vida mundana, e disso não faltou neste 'upgrade' para o palco principal, quando ainda raiava o sol. Seja sobre o fascismo, o racismo ou a xenofobia, estes 'bristolenses' não aturam nenhuma injustiça, e fazem carreira disso.
Sempre irreverentes, por entre 'obrigado' e 'tudo bem?', IDLES iam largando as suas frustrações em palco, profícuas como o suor na camisa de Talbot, ou no vestido colorido de Mark Bowen.
A banda de Bristol fechou a sua estreia no palco principal do NOS Alive, horas depois de um mergulho nas praias da linha de Cascais, com direito a fotografia publicada nas redes sociais, com temas bem conhecidos da banda como 'Mother', 'I'm Scum', 'Divide and Conquer' e, claro, 'Crawl'.
Linda Martini
O segundo dia da 15.ª edição do NOS Alive começou, no palco principal, com Linda Martini, a banda de rock portuguesa que celebra, este ano, o seu 20.º aniversário.
"É talvez uma das ideias mais estúpidas do mundo fazer uma banda. Mas nós conseguimos, 20 anos desta m*rda", disse o vocalista, André Henriques, celebrando as duas décadas de Linda Martini, que chegou ao mundo com 'Olhos de Mongol', em 2006.
A maioria das pessoas que ocupavam os primeiros lugares perante o palco NOS estavam lá, na realidade, para ouvir Arctic Monkeys, Lizzo ou Lil Nas X, pelo que o ambiente foi, no mínimo, morno. Alguns iam sabendo as letras de temas mais conhecidos como 'Eu nem vi', 'E não sobrou ninguém' e, claro, 'Cem metros sereia', que consegue sempre juntar o público em coro. De resto, no entanto, a atuação de apenas 45 minutos foi isso mesmo: um 'aperitivo' de quem aquecia os motores para o que aí vinha.
Linda Martini são uma eterna 'proposta', cheios de qualidade, completamente em português, com letras densas, cheias de significado, acompanhadas de um rock & roll muito específico. No NOS Alive, onde admitiram, até, "ficar sempre surpreendidos" cada vez que tocam no festival, deram um bom início de tarde, preparando para o resto que aí vinha.
Jorge Palma
Há, em Portugal, um nome inconfundível do rock, de seu nome Jorge Palma. Na sexta-feira, subiu ao palco Heineken para dar aquilo a que pode ser chamado um 'concertaço'.
É certo que, inicialmente, as expectativas para o concerto de um 'perfomer' que, aos 73 anos, já deu mais que provas do seu talento, num festival não deixava grandes augúrios, mas Palma reverteu as expectativas, dando um concerto cheio de energia, com o público muito envolvido, ainda que em contexto de festival.
Os clássicos foram todos percorridos, bem como temas do novo álbum 'Vida', lançado este ano, entre eles 'Estrónea', 'Uma estação no inferno' e 'Vida'.
Também houve espaço, no entanto, para 'Cara de anjo mau', 'Dá-me lume' e 'Estrela do Mar', alguns dos temas mais conhecidas de Palma, que conta com mais de 50 anos de carreira.
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