Património legado por Fundação a Atelier-Museu é "reforço da confiança"
A diretora do Atelier-Museu Júlio Pomar, em Lisboa, Sara Antónia Matos, considera um "reforço da confiança" que a fundação com o nome do artista deixe àquela entidade um património artístico avaliado em cinco milhões de euros.
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Cultura Júlio Pomar
"É uma excelente notícia pelo reconhecimento que é feito ao Atelier-Museu, e um sinal de que a Fundação Júlio Pomar reforça a confiança na equipa, e até entrega mais 20 peças que estavam fora do depósito", reagiu a responsável, contactada pela agência Lusa sobre a extinção da fundação, avançada pelo jornal Público.
A Fundação Júlio Pomar, criada há vinte anos e presidida por Alexandre Pomar, filho do artista que morreu em 2018, vai ser extinta até ao final do ano, e o seu património artístico, composto por pintura, escultura, cerâmica e colagens, avaliado em cerca de cinco milhões de euros, será entregue ao Atelier-Museu, que, por seu turno cumpre este ano uma década de existência.
"O acervo da fundação ficará propriedade do Atelier-Museu e irá constituir mais material de trabalho para a equipa" da entidade, inaugurada em abril de 2013, para conservar e divulgar a obra do artista plástico português que chegou a presenciar a abertura, e a acompanhar a atividade durante cinco anos.
Ao longo de uma década, o museu tem vindo a receber entre oito mil a 10 mil visitantes por ano, e tem realizado exposições fora de Lisboa, nomeadamente no Porto, Côa, Anadia, Arraiolos, Viana do Castelo, Loures e a próxima, em 2024, terá como palco a cidade de Torres Vedras, indicou Sara Antónia Matos à Lusa.
"É interessante, porque em todos os museus onde temos feito as exposições descobrimos uma ou duas obras de Júlio Pomar na coleção local", observou a diretora, que lidera o projeto desde o nascimento do Atelier-Museu.
O imóvel, um antigo armazém do século XVII, próximo da Igreja de Nossa Senhora de Jesus, tinha sido adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa em 2000, com o objetivo de o recuperar para ali instalar o espaço dedicado ao estudo e divulgação da obra de Júlio Pomar (1926-2018).
"Fazemos um balanço muito positivo de uma década de vida porque sentimos que conseguimos implantar o Atelier-Museu no sistema de arte contemporânea do país", sublinhou Sara Antónia Matos, questionada sobre a análise de dez anos do equipamento, que faz parte do conjunto de espaços culturais da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC).
Inaugurado a 05 de abril de 2013 na Rua do Vale, em Lisboa -- num projeto de recuperação do edifício da autoria do arquiteto Álvaro Siza Vieira --, o espaço acolheu nessa data uma exposição de 100 obras do acervo do artista que percorriam várias fases da obra, e tem vindo desde então a realizar exposições centradas no trabalho de Pomar, e outras em diálogo com artistas com quem teve afinidades ou gerações mais jovens.
O edifício, composto por dois pisos, apresenta um corpo central de área expositiva, duas reservas, zonas de serviço, escritório e receção, escondendo um pátio exterior em seu redor, por onde é feito o acesso dos visitantes.
Possui ainda um conjunto de equipamentos, como auditório, com meios audiovisuais e capacidade de 60 lugares sentados para conferências, lançamento de livros/catálogos ou outros eventos.
Pintor e escultor nascido em Lisboa, em 1926, Júlio Pomar foi um dos criadores de referência da arte moderna e contemporânea do país, com uma obra multifacetada que percorre mais de sete décadas, influenciada pela literatura, a resistência política, o erotismo e algumas viagens, como a Amazónia, no Brasil, e marcada por várias estéticas, do neorrealismo ao expressionismo e abstracionismo.
Em 2004, foi condecorado pelo então Presidente da República Jorge Sampaio com a Ordem da Liberdade.
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