Em "Bantu", o palco é ocupado por quatro intérpretes europeus e três moçambicanos que dançam e se entrelaçam ao ritmo de sons frenéticos.
Os bailarinos sobem uns sobre os outros e vão sentindo o calor dos corpos, fazendo crer o espectador que ora estão unidos pela paz e amor ao próximo ora estão afastados pela escravidão, fenómeno que marcou a história passada dos povos em África.
"Bantu" é uma palavra que designa um "conjunto de línguas faladas na África Subsaariana, mas é muito mais do que do que isso, é uma ocorrência linguística. Tem uma ideia de comunidade, uma ideia de identidade e é uma ideia que esteve na base de grande parte da cultura africana. Vamos às raízes", explicou o coreógrafo e encenador Victor Hugo Pontes, durante um ensaio para a imprensa, hoje no Teatro Nacional São João.
Questionado pela agência Lusa sobre que história é contada em "Bantu", o coreógrafo e encenador sublinhou que apesar do passado, há uma tentativa de construir daqui para a frente uma história muito mais interessante, ou seja a história da união onde os povos se encaixam "uns nos outros", celebrando esse "calor do outro corpo".
"'Bantu' cria a sua própria língua e comunica-se dentro dessa língua. As línguas bantu são línguas criadas para que o colonizador não percebesse o que é que eles estavam a dizer, portanto, é um código entre eles e é dessa forma, que vão comunicando. O espectador nunca terá acesso exatamente àquilo que eles estão a dizer, porque é uma língua que está camuflada", explicou Victor Hugo Pontes.
O projeto "Bantu" surgiu de um convite dos Estúdios Victor Córdon e do Camões -- Centro Cultural Português em Maputo ao coreógrafo Victor Hugo Pontes e estreia-se às 19:00 de quinta-feira, no Teatro Nacional São João, ficando em cena até domingo.
As sessões de quinta-feira e sábado são às 19:00, a sessão de sexta-feira é às 21:00 e a de domingo às 16:00.
O espetáculo segue depois a 13 de outubro para a Casa das Artes de Famalicão e a seguir passa pelo Teatro Viriato, em Viseu, e pelo Teatro Aveirense.
"Bantu" segue para Moçambique, mas o objetivo é continuar a digressão por outros países, adiantou o coreógrafo.
Em "Bantu", o coreógrafo que celebra este ano 20 anos de carreira explora a linguagem da dança para estabelecer um ponto de encontro entre dois continentes e dois países com afinidades e memórias comuns, colocando em relação técnicos, criativos e intérpretes portugueses e moçambicanos, aos quais se junta a banda Throes + The Shine.
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