Júlia Machado tem 13 anos e venceu, no final de junho, a 4.ª edição do programa de talentos 'The Voice Kids'. No mesmo dia, foi surpreendida com a notícia de que iria representar Portugal no Festival Eurovisão da Canção Júnior, que se realiza já no próximo domingo, em França. Ao Notícias ao Minuto contou como tem sido esta aventura e o significado de 'Where I Belong', uma música que representa não só a sua própria história, mas também a de "toda a gente".

"Nunca pensei que iria ganhar um concurso destes, ainda por cima ter ganhado o 'The Voice Kids' fez com que representasse Portugal na Eurovisão Júnior. Nunca pensei que isto pudesse acontecer. Nada disto. Está a ser um grande sonho", contou a jovem.

A RTP anunciou dias antes da final do 'The Voice Kids' que Portugal iria participar na 21.ª edição da Eurovisão Júnior. Apesar de não revelar detalhes sobre como seria feita a seleção dos representantes, era expectável que fosse o vencedor do concurso de talentos - à semelhança do que aconteceu nas duas edições anteriores. Simão Oliveira representou Portugal também em França, em 2021, e Nicolas Alves na Arménia, em 2022. Nicolas, na verdade, foi o segundo classificado do 'The Voice Kids', mas as regras do concurso europeu ditaram que a vencedora, Maria Gil, não poderia participar por completar 15 anos antes do mês de dezembro.

Já Júlia Machado foi surpreendida com a notícia de que iria representar Portugal no mesmo momento em que se sagrou vencedora da 4.ª edição do The Voice Kids. "Não sabia que, se ganhasse o The Voice Kids, iria representar Portugal na Eurovisão Júnior", contou.

Para a adolescente de 13 anos, o objetivo de participar no concurso era "aproveitar o que estava a fazer" e, acima de tudo, aproveitar a "diversão em palco".

"Eu e a minha mãe não nos preocupamos muito com o que é que eu ia ganhar. Só depois de eu ter ganhado é que a minha mãe percebeu. Descobri no palco - quando a Catarina Furtado anunciou - que ia representar Portugal na Eurovisão. Fiquei de boca aberta", recordou.

À cidade costeira de Nice, no sul de França, Júlia Machado vai levar 'Where I Belong', uma música que tem autoria de Fernando Daniel, o seu orientador no 'The Voice Kids', João Direitinho e Twins (Luís Pereira).

'Where I Belong', que é cantada em português e com o refrão em inglês, surgiu através da sua própria história, mas pretende representar "toda a gente", sobretudo os emigrantes e as pessoas que, tal como Júlia, foram ou são vítimas de bullying.

"Esta música foi feita pela minha história, pelo que eu sofri e por tudo o que estou a conseguir até agora", disse, acrescentando, no entanto, que 'Where I Belong' "não é só" a sua história, "não é só sobre uma menina que sofreu bullying".

Filha de emigrantes portugueses em Nova Jérsia, nos Estados Unidos, Júlia Machado explicou que esta música "é também sobre os emigrantes que foram para outros países, para fora do seu próprio país, porque precisavam de procurar um sítio melhor".

"É sobre as pessoas que quando estão lá [fora do seu país] sentem-se completos estrangeiros fora das suas casas. Esta música vai para os emigrantes, vai para as pessoas que sofreram de bullying, vai para as pessoas que estão a sofrer com todos os problemas que estão a acontecer no mundo ou que estão a sofrer com outras situações nas suas vidas. Esta música não só representa a minha história, mas também representa a história de toda a gente", afirmou.

A música "serviu como escape" para Júlia, enquanto vítima de bullying, e a jovem espera que, ao contar a sua história e o que está a "conseguir alcançar", consiga também "ajudar outras pessoas".

É também esta experiência com o bullying e o cyberbullying que faz com que evite ver os comentários nas redes sociais porque a "afetam de uma maneira que não afetariam outra pessoa". 

"Gosto de viver aquilo que estou a fazer e tento não ver muito sobre o 'social media' porque, no fim de contas, o 'social media' pode ser bom e pode ser mau. Ver comentários que não sejam muito bons pode deixar-me triste, então não ligo muito aos comentários - sejam bons ou sejam maus", disse.

"Acho que é importante desligar-me da Internet. Ando a fazer publicações e sim, vejo alguns comentários, mas tento não ligar. Para mim, é mais importante eu estar no momento e viver o que estou a fazer do que estar no telemóvel a ver os comentários bons e maus", acrescentou.

Apesar disso, ainda há espaço para ver "alguns dos bons comentários porque, no fim, essas pessoas merecem sempre um obrigado".

Sobre a Eurovisão Júnior, que está a dias de acontecer, Júlia contou que o seu primeiro ensaio, que teve lugar na terça-feira, "correu muito bem, mas podia ter corrido melhor". Já para o segundo ensaio, prometeu "trabalhar para melhorar tudo" para que "corra ainda melhor" do que o primeiro. Já a atuação "contará com uma surpresa, que ninguém estará à espera".

"Vai ser uma experiência que eu nunca vou esquecer", confessou, acrescentando que, por agora, está "concentrada em fazer a Eurovisão Júnior e depois se vê o que vai acontecer".

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Para o futuro, fica o desejo de poder passar mais tempo em Portugal junto da família, na praia da Nazaré, onde passa todos os verões.

"Só nós é que estamos fora de Portugal, o resto da minha família vive cá. É difícil ter a família tão longe. Cada vez que eu estou cá, tenho saudades de estar em casa. Cada vez que estou em casa, tenho saudades de estar em Portugal", contou a jovem nascida nos Estados Unidos.

Por fim, confessou que "adorava" voltar a representar Portugal, numa próxima vez no Festival Eurovisão Canção, porque "cada participação num concurso" é "mais uma oportunidade para aprender" e "uma ajuda para chegar" onde quer.

Esta será a oitava vez que Portugal participa no festival para menores de 14 anos. Depois de se ter estreado em 2006, o país esteve ausente da competição entre 2008 e 2016.

Em 2022, Nicolas Alves e o tema 'Anos 70' alcançaram o 8.ª lugar com 121 pontos, sendo a melhor posição portuguesa no concurso.

A edição deste ano do JESC realiza-se em Nice, França, a 26 de novembro, após a vitória do francês Lissandro com 'Oh maman!', em 2022.

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