O evento, que decorre entre sexta-feira e sábado, tem como nome "O fim de semana que o roubo do sino despertou" e parte desse furto ocorrido em outubro para criar um programa em que cabem concertos, uma sessão de narração oral, vídeos de toques de sinos gravados por A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria (MPAGDP), uma conversa em torno do interior e a colocação de um novo sino doado à associação.
"Nós estávamos no México quando nos apercebemos de que tinham roubado o sino. Era um sino pequeno, de brincadeira, às portas da Cura, da avó da Cristina [Enes Garcia, também do MPAGDP], de ferro. Nunca imaginámos que isto pudesse acontecer", afirmou à agência Lusa Tiago Pereira, diretor da associação cultural.
Como resposta, a MPAGDP escreveu uma mensagem: "Aqui estava um sino que roubaram por dinheiro, mas a imaginação não pode ser roubada. Por isso, sempre que aqui estiver imagine o som de um sino".
Posteriormente, um amigo 'designer' fez um desenho do sino para um azulejo com a mensagem escrita previamente pela associação.
"Ficámos emocionados e não estávamos à espera dessa resposta. Decidimos então fazer um evento que estimulasse os sentidos associados ao sino, porque os sinos sempre indicavam horários, avisavam das tempestades, é um som importante. Roubar o som do sino é roubar mais do que um objeto, é roubar uma história", salientou Tiago Pereira.
O evento vai começar na sexta-feira, pelas 16:00, na CURA, com uma mostra comentada de vídeos de toques de sinos gravados para o MPAGDP, seguindo-se uma sessão de narração oral para crianças por Estefania Surreira, numa história onde o som e a música estão presentes.
Ainda nesse dia, haverá um concerto da ferreira alemã a viver em Serpins, Dagmar Fischer, que faz os seus próprios instrumentos a partir de ferro e bronze.
No sábado, a iniciativa começa com uma conversa que inaugura um 'podcast' semanal da associação cultural, intitulado "O que é o interior?".
"Queremos discutir o que é o interior, que é mais do que uma geografia, é um estado de abandono, que tanto pode ser num bairro periférico de Lisboa como numa montanha de Trás-os-Montes", aclarou Tiago Pereira.
Nesse mesmo dia, haverá ainda um concerto para olhos vendados de Luís Antero, que irá utilizar, entre outros sons por ele recolhidos, toques de sinos.
O programa termina com a colocação de um sino doado por Sílvio Rosado.
A entrada para o evento é livre, mas com donativo obrigatório.
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