"Tolerância zero". Eurovisão expulsa representante dos Países Baixos

Em causa está uma queixa apresentada por um membro feminino da equipa de produção do festival.

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Notícias ao Minuto com Lusa
11/05/2024 11:32 ‧ 11/05/2024 por Notícias ao Minuto com Lusa

Cultura

Eurovisão

A União Europeia de Radiodifusão (EBU, na sigla em inglês) expulsou o representante dos Países Baixos do 68.º Festival Eurovisão da Canção, a decorrer em Malmö, na Suécia, devido a um incidente que envolveu o artista daquele país no concurso.

Joost Klein terá feito ameaças verbais a uma funcionária da produção no local do evento, na quinta-feira à noite.

"A polícia sueca está a investigar uma queixa apresentada por um membro feminino da equipa de produção, na sequência de um incidente que ocorreu após a sua atuação na semifinal de quinta-feira à noite", afirmou a EBU, em comunicado.

"Enquanto os procedimentos legais seguem o seu curso, não seria apropriado que ele continuasse a participar na competição", acrescentou, referindo que pretendia "deixar claro que, contrariamente a alguns relatos da comunicação social e à especulação nas redes sociais, este incidente não envolveu qualquer outro artista ou membro da delegação". 

"Mantemos uma política de tolerância zero em relação a comportamentos inadequados no nosso evento e estamos empenhados em proporcionar um ambiente de trabalho seguro e protegido a todo o pessoal do concurso. Assim sendo, o comportamento de Joost Klein em relação a um membro da equipa é considerado uma violação das regras do concurso", sublinhou a organização.

Assim, a final, agendada para hoje, vai ser disputada com 25 participantes, incluindo iolanda, que representa Portugal com a música 'Grito'.

De notar que Joost Klein já tinha sido suspenso dos ensaios para a grande final do concurso após um "incidente nos bastidores". Na altura, a organização não disse o que estava em causa.

Já antes, o artista havia também protagonizado um momento tenso com a candidata de Israel, Eden Golan, na quinta-feira, numa conferência de imprensa. 

Na conferência de imprensa, um jornalista polaco questionou a artista israelita sobre a sua responsabilidade no maior nível de alerta terrorista que se vive em Malmö. "Ao estar aqui, é um risco para a segurança e um perigo para todos. Não se importa com isso?", perguntou.

O moderador da conferência de imprensa lembrou Eden Golan de que não era obrigada a responder à questão. "Por que não?", questionou o artista dos Países Baixos em voz alta. O episódio viralizou nas redes sociais. 

Apesar de não ser obrigada a responder, a cantora israelita disse crer estarem todos no Festival Eurovisão da Canção por uma razão, "e que a EBU tomou todas as precauções para que seja seguro para todos".

A 68.ª edição do Festival Eurovisão da Canção está a ficar marcada pelo conflito israelo-palestiniano.

O conflito, que dura há décadas, intensificou-se após um ataque do grupo palestiniano Hamas em Israel, em 07 de outubro, que causou quase 1.200 mortos, com o país liderado por Benjamin Netanyahu a responder com uma ofensiva que provocou mais de 34 mil mortos na Faixa de Gaza, segundo balanços das duas partes.

Vários apelos foram feitos por representantes políticos e artistas europeus à EBU para que a participação de Israel no concurso fosse vetada.

Entre os vários apelos, no final de março, representantes de nove países, incluindo Portugal, assinaram uma carta na qual pediam um "cessar-fogo imediato e duradouro" na guerra na Palestina e o regresso de todos os reféns israelitas.

Na altura, a EBU recordou que o festival é um evento "apolítico". No entanto, em 2022 foi decidida a expulsão da Rússia do concurso na sequência da invasão da Ucrânia.

Na quinta-feira, milhares de pessoas percorreram as ruas de Malmö a pedir a expulsão de Israel do Festival Eurovisão da Canção, por causa da ofensiva levada a cabo por aquele país na Faixa de Gaza.

A representante portuguesa, iolanda apresentou-se no domingo na 'passadeira turquesa' (onde desfilam os representantes de todos os países, marcando assim o início dos espetáculos ao vivo do concurso), em Malmö, com um vestido de uma marca palestiniana e as unhas pintadas com o padrão do 'keffiyeh', um lenço que é símbolo da resistência palestiniana.

Na terça-feira, o conflito foi levado para palco, durante o número de abertura da primeira semifinal, pelo cantor Eric Saade, que representou a Suécia no concurso em 2011 com 'Popular'.

Eric Saade, de ascendência palestiniana, cantou com a mão esquerda envolta num 'keffiyeh'.

Na quinta-feira, quando a representante israelita esteve durante a segunda semifinal do concurso, ouviram-se assobios, nomeadamente na parte inicial da atuação.

Já na quarta-feira, nos ensaios, que tal como as semifinais e final são abertos ao público, Eden Golan tinha sido vaiada por alguns dos presentes.

Israel foi o primeiro país não europeu a poder participar no concurso de música, em 1973, e ganhou quatro vezes, incluindo com a cantora transgénero Dana International, em 1998.

A final do Eurofestival da canção será transmitida em direto na RTP1, a partir das 20h00.

[Notícia atualizada às 13h15]

Leia Também: Manifestantes invadem televisão finlandesa para pedir boicote à Eurovisão

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