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Exposição de João Fiadeiro viaja por 35 anos de percurso artístico

A exposição 'Restos, Rastros e Traços' vai levar os visitantes do Museu de Arte Contemporânea - Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), em Lisboa, a atravessar 35 anos do percurso artístico do coreógrafo João Fiadeiro, a partir de quarta-feira.

Exposição de João Fiadeiro viaja por 35 anos de percurso artístico
Notícias ao Minuto

15:51 - 18/06/24 por Ana Goulão

Cultura Lisboa

Trata-se do segundo momento do projeto "Introspetiva" - resultado de um convite do CCB ao criador para revisitar mais de três décadas de trabalho - iniciado em maio com um "estaleiro" que proporcionou a Fiadeiro "a experiência mais enriquecedora de sempre", disse aos jornalistas durante uma visita guiada à exposição.

No decurso do "estaleiro" os visitantes puderam assistir diariamente a performances, composições em tempo real, filmes, participar em aulas e assistir ao vivo à construção da exposição: "Foi uma experiência muito rara em que pudemos relacionar-nos com a figura do visitante e não do espetador", avaliou o artista, figura de referência da dança contemporânea portuguesa.

"Fizemos um esforço enorme durante mais de 30 anos para romper com os protocolos dos espaços de espetáculos, e conseguimos aqui condições para obter momentos muito especiais e delicados com o público", sublinhou o coreógrafo de 58 anos que, em 2021, doou o seu arquivo pessoal, com cerca de 4.000 títulos, entre vídeos, artefatos e textos, à Fundação de Serralves, no Porto.

Fiadeiro, nascido em 1965, fundou o Atelier|RE.AL em 1990, início de uma década fundamental para a dança portuguesa, vindo a decidir pelo seu encerramento em 2019, mas continuou a atividade, nomeadamente como formador.

"Introspetiva" é apresentada como "uma retrospetiva do corpo de (e no) trabalho" de João Fiadeiro, que está a decorrer até setembro nas galerias do MAC/CCB e nos teatros do CCB.

Nuria Enguita, na primeira apresentação de uma exposição como diretora do museu, sublinhou a importância da forma "poética e política" do trabalho de João Fiadeiro, "um dos grandes nomes da dança portuguesa": "Nesta exposição, o tempo, o corpo e o espaço são colocados ao serviço da imaginação e da improvisação em tempo real, desfazem o presente, incorporando gestos, memórias e tempos não lineares".

Com uma prática que reúne várias disciplinas, desde a dança, artes visuais, performance e teatro, Fiadeiro "transforma o ambiente e também a posição do espectador, ganhando uma posição ativa, fazendo a sua própria coreografia de tempos, gestos, olhares e ações", descreveu, sobre o criador que, nas últimas décadas, tem apresentado os seus espetáculos um pouco por toda a Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália e América do Sul, ao mesmo tempo que acompanha e apresenta artistas emergentes, acolhendo residências de artistas, e promove eventos transdisciplinares.

"Desfazer o presente e mostrar as suas linhas de fuga, e os seus anacronismos é também uma missão dos museus que trabalham o contemporâneo, além de abrir os processos e discursos", afirmou Nuria Enquita.

João Fiadeiro - que criou e desenvolveu o método de Composição em Tempo Real, cruzando a sua investigação com áreas científicas como as neurociências e as ciências dos sistemas complexos - tem orientado com regularidade oficinas em diversas escolas e universidades portuguesas e estrangeiras.

A inauguração da exposição, na quarta-feira, às 19:00, incluirá a conferência-performance "(body) OF/AT (work)", de João Fiadeiro e da artista-investigadora convidada Liliana Coutinho.

Entre sexta-feira e 06 de julho decorrerá ainda a programação "Dar corpo", que consiste na apresentação de uma seleção de peças do repertório de João Fiadeiro a ser dançada pelo próprio, por artistas convidados e por intérpretes de novas gerações.

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