Três Tristes Tigres trabalham para poderem ser livres em palco
Os músicos da banda Três Tristes Tigres, que atuou na segunda-feira no Festival Músicas do Mundo, assumem que trabalham para poderem ser livres em palco.
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Cultura Música
Esse "espírito de liberdade" está presente nos ensaios e nos concertos, marcados por improvisações, onde "cada um faz e é puxado pelos outros", explica Alexandre Soares (guitarras e eletrónica), um dos elementos da formação inicial da banda, na década de 1990.
"Queremos ser isto, trabalhamos muito para podermos ser livres", assinalou em entrevista à agência Lusa, após o concerto na aldeia alentejana de Porto Covo, na segunda-feira à noite.
Mais de 30 anos depois do início, os Três Tristes Tigres estão de regresso com novas canções, inspiradas, como habitualmente, nos poemas de Regina Guimarães e outros autores.
O novo álbum ainda não está pronto, temas e letras já estão escolhidos, mas ainda faltam as 'roupagens'.
"É um disco mais sofrido, mas mais doce também, são muitas canções pelo amor e de amor", antecipa Ana Deus (voz), outro dos elementos da formação original da banda.
Porém, avisa, não é possível "fugir à gravidade das coisas, (...) de tudo o que nos rodeia", à bipolaridade do mundo atual.
"Já se devia ter aprendido com o que se passou, com as guerras, isto não resolve nada, estas divisões, as fronteiras, o dinheiro, experimentar armas para as vender...", critica.
"E ainda embarcamos e ficamos do lado de um ou do lado do outro, (...) é tudo absurdo. (...) O ser humano já devia ter aprendido, mas não aprendeu porque não aprende", lamenta.
Acompanhados em palco por outros quatro músicos (Miguel Ferreira, teclados, programação, Fred Ferreira, percussão e sampler, Rui Martelo, baixo, e Eleonor Picas, harpa), Alexandre Soares e Ana Deus sublinham que "a prioridade agora é acabar o disco", seja em que formato for, porque "é a música que vale a pena".
Do próximo álbum, "Atlas", já conhecemos "Exodus", que canta "todos nascemos migrantes", contando com a participação de A Garota Não.
Ana Deus realizou o vídeo do novo single, algo que gosta "cada vez mais" de fazer, tal como o VJing (performance visual em tempo real) ao longo dos concertos.
"No vídeo experimento muito (...), ando sempre atrás dos videastas, a ver o que é que eles fazem, as técnicas, vejo tutoriais", diz, adiantando que "os próximos vão ser quase todos filmados e trabalhados" por ela.
A 24.ª edição do Festival Músicas do Mundo -- organizado pela Câmara Municipal de Sines -- deixa Porto Covo e instala-se, a partir de hoje, na cidade de Sines, onde vai atuar a Orquestra Locomotiva, com o moçambicano Joni Schwalbach e o cabo-verdiano Vasco Martins (21h30).
Antes disso, o Pátio das Artes acolhe, às 18h30, a conversa "A cultura e a arte depois do colonialismo", com Flávio Almada, Vítor Belanciano e Nael D'Almeida.
"A descolonização chegou à cultura e à arte?" é uma das interrogações que vai conduzir o debate, moderada por António Brito Guterres.
Na quarta-feira, os concertos regressam em peso aos palcos instalados no castelo e junto à praia, com os portugueses José Manuel David (18h00) e Salvador Sobral (21h00), a brasileira Margareth Menezes, atual ministra da Cultura (22h15), os vietnamitas Saigon Soul Revival (23h30), os franceses Mezerg (00h45), os ganeses Florence Adooni & Band (02h15) e os argentinos La Delio Valdez (03h30).
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