O espetáculo faz parte da programação da 14.ª edição do Festival Big Bang, e "convida o público para uma experiência poética e sensorial, sem o uso de palavras", segundo a Companhia Caótica.
'Tocas' aborda a necessidade de "haver tocas para todos; uma toca para cada um existir nela", sem que haja "medo" e onde se possa cantar, dormir, comer, amar". Para a Companhia Caótica, "Tocas" é um espetáculo que fala da "necessidade de uma casa e de afeto".
Dois músicos-performers, António-Pedro e Alban Hall, ocupam o espaço cénico junto ao público, em "Tocas", no qual vão "dissolvendo a fronteira entre palco e plateia", transformando o espaço numa "troca partilhada, onde a música, o movimento e a cenografia trabalham em diálogo para criar uma atmosfera de proximidade e partilha", acrescenta a companhia.
Segundo a Companhia Caótica, 'Tocas' decorre do desejo do compositor António-Pedro, autor de muitas bandas-sonoras para teatro, dança e cinema, "de criar um espetáculo a partir da música, invertendo o caminho habitual de se trabalhar a banda sonora a partir de uma narrativa".
"O que começou como uma investigação musical foi depois atravessado pelas vivências pessoais de António-Pedro e Caroline Bergeron, cofundadores da Caótica, como a perda da casa que arrendavam em Lisboa, o que despertou reflexões sobre o que significa ter ou não uma casa, num contexto mais amplo da grave crise de habitação que afeta o país", sublinham.
Apesar de não ter uma narrativa verbal, 'Tocas' "entrelaça múltiplos imaginários evocados pela ideia de toca -- uma casa, o toque do afeto, o tocar de um instrumento, o ser tocado por alguém ou alguma situação -- e propõe uma experiência artística que convoca o sensorial e a imaginação".
"Criar um espetáculo sem palavras é provocar o sensível e o simbólico, abrir espaço para a liberdade de fruição", acrescenta a encenadora e codiretora artística da companhia, sublinhando que pretendem "expandir a compreensão daquilo que se vê para além do racional, com um espetáculo que é mais sobre fazer sentir do que fazer perceber".
Dirigida a maiores de três anos, a criação estará em cena na Black Box do CCB/Fábrica das Artes e terá duas sessões para escolas no dia 25, às 10:00 e às 12:00, e apresentações para famílias e outros interessados, no dia 26, pelas 11h00 e 13h30.
Com direção artística de António-Pedro e Caroline Bergeron, o espetáculo tem música, criação conjunta e interpretação de António-Pedro e Alban Hall.
A encenação é de Caroline Bergeron, a cenografia de Sara Franqueira, com desenho de luz de Melânia Ramos e orientação vocal de Manon Marques.
Fundada em 2009 pela encenadora e autora Caroline Bergeron e pelo músico e cineasta António-Pedro, a Companhia Caótica é um coletivo multidisciplinar que cria espetáculos, oficinas e filmes para público jovem, famílias e adultos, cruzando teatro, música, cinema, marionetas e artes visuais.
Desde 2015 que realiza com frequência encontros entre profissionais da cultura, a nível nacional e internacional, para refletirem em conjunto sobre criação, programação e circulação de espetáculos para o público jovem.
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