Contactado pela agência Lusa, Pedro Adão e Silva respondeu, por escrito, que não pôde acompanhar a audição da ministra da Cultura, por estar ausente do país, mas dos relatos que lhe chegaram regista que Dalila Rodrigues "tem tido como únicas formas de afirmação exonerar dirigentes, desmantelar o trabalho feito e, agora, lançar injúrias graves".
"Essa postura tem sido muito prejudicial para as políticas culturais e explica o abandono que o setor sente, e que tem manifestado", acrescenta Pedro Adão e Silva.
A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, acusou hoje no parlamento o seu antecessor de ter feito um "assalto ao poder" no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, garantindo "que acabaram os compadrios naquela instituição".
Pedro Adão e Silva disse à Lusa que espera, "o mais rapidamente possível, ser chamado à Assembleia da República, para esclarecer todas as questões, em particular sobre o CCB", uma instituição que encontrou "capturada pelo senhor José Berardo e de costas voltadas para as artes performativas", quando tomou posse, em 2022.
"Hoje, no CCB, temos um novo museu, a coleção Elipse em depósito, e tínhamos uma presidente do Conselho de Administração que foi capaz de promover um diálogo com o setor e abrir este equipamento às artes performativas", conclui Pedro Adão e Silva.
— pedro adão e silva (@padaoesilva) December 11, 2024
Numa audição parlamentar sobre a situação no CCB, requerida pelo Bloco de Esquerda e o Partido Socialista, na sequência da exoneração da anterior presidente da fundação, Francisca Carneiro Fernandes, e o "novo rumo" para a instituição, a atual ministra da Cultura disse que, com o atual Governo, "acabaram os compadrios, 'lobbies' e cunhas que levaram à constituição da atual equipa do CCB".
"Demitida que está, exonerada que está, afastada que está a sua presidente, está, evidentemente, a abordagem a este assalto ao poder, assalto ao CCB, que é absolutamente inadmissível nos termos em que foi realizado pelo ex-ministro da Cultura, doutor Pedro Adão e Silva", disse Dalila Rodrigues sobre a exoneração de Francisca Carneiro Fernandes, e as opções políticas do Governo para esta instituição.
Para Dalila Rodrigues, esta nova postura do Ministério da Cultura decorre de um "novo ciclo", que "implica novas metodologias e novas abordagens", nomeadamente "manifestação de interesses" e "abertura de concursos".
Dalila Rodrigues está a ser ouvida, em audição regimental e sobre a situação no CCB, na comissão parlamentar de Cultura.
O Ministério da Cultura exonerou em 29 de novembro a presidente do conselho de administração da Fundação CCB, Francisca Carneiro Fernandes, anunciando a nomeação para o cargo de Nuno Vassallo e Silva.
Francisca Carneiro Fernandes foi exonerada nas vésperas de completar um ano como presidente da Fundação CCB, cargo para o qual tinha sido escolhida pelo anterior ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
Hoje, Carneiro Fernandes anunciou que vai "intentar uma impugnação deste ato administrativo", que considera ilegal.
"Entre outros motivos que estão a ser estudados e que apontam para a ilegalidade da exoneração feita", Francisca Carneiro Fernandes indica "o facto [de esta] alegar como fundamento a falta de capacidade da ex-Presidente do CCB para garantir o cumprimento das orientações e objetivos transmitidos pela Tutela", o que Francisca Carneiro Fernandes considera "totalmente falso, já que a Ministra da Cultura" nunca lhe transmitiu "quaisquer indicações ou objetivos que possam assim dar-se como incumpridos".
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