Universidade de Coimbra desenvolve biofilmes para conservar documentos

Investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) estão a desenvolver "biofilmes de nanocelulose" destinados à conservação e restauro de documentos históricos.

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Lusa
24/02/2025 11:17 ‧ há 2 horas por Lusa

Cultura

Coimbra

Para esse fim, a equipa de cientistas do Departamento de Engenharia Química da Universidade de Coimbra pretende criar soluções eficazes e sustentáveis.

 

"Estes filmes, feitos de materiais renováveis, são semelhantes à película aderente de cozinha, mas mais resistentes, apresentando-se como uma alternativa inovadora aos métodos tradicionais, como o uso de papel japonês, amplamente utilizado nesta área", explicou a FCTUC num comunicado enviado à agência Lusa.

O líder do projeto "Nanocelirongal - Nanocellulose films for the repair of old documents containing iron gall ink", José Gamelas, do Centro de Engenharia Química e Recursos Renováveis para a Sustentabilidade, afirmou que ao longo dos séculos "a tinta ferrogálica foi bastante usada em manuscritos devido à sua nitidez e permanência".

"No entanto, certas características químicas que possui, como a acidez e o elevado teor de ferro, causam com o tempo degradação no papel, resultando em fissuras, perda de resistência e até formação de furos no documento, para além do desvanecimento da própria tinta, resultando em perda de legibilidade", explicou o investigador, citado na nota.

Segundo José Gamelas, os filmes de nanocelulose oferecem vantagens significativas em comparação com os materiais convencionais.

"Entre as principais características, destacam-se a elevada resistência mecânica que possuem, garantindo uma maior durabilidade e estabilidade estrutural do papel tratado, a barreira protetora superior, que impede a entrada de oxigénio e humidade, principais causas de degradação, e a transparência, que permite uma aplicação quase impercetível do filme", salientou.

Além disso, à semelhança do papel japonês, esses filmes contribuem para práticas de conservação mais verdes.

Durante a investigação, a equipa testou diferentes técnicas de aplicação, incluindo a colagem do filme ao papel com adesivos específicos.

"Aplicamos os filmes em papel de trapos, usado para simular papel antigo, escrito com tinta ferrogálica recriada em laboratório. Posteriormente, são feitos testes de envelhecimento acelerado em condições controladas de temperatura e humidade, entre outras, para avaliar a durabilidade e eficácia dos filmes", referiu, por sua vez, a investigadora Ana Marques.

Para os responsáveis do projeto, os resultados obtidos "são bastante promissores e indicam que os filmes de nanocelulose superam o papel japonês em termos de resistência mecânica e capacidade de proteção, posicionando-se como uma alternativa mais eficaz".

Em março, José Gamelas vai coordenar um novo projeto, financiado pela Comissão Europeia com 2,2 milhões de euros, que permitirá prosseguir a investigação nesta área.

"Este novo capítulo visa consolidar uma linha de investigação de ponta na criação de materiais 'bio' baseados em abordagens sustentáveis e explorar o seu potencial na conservação de património histórico e cultural", revelou o professor da FCTUC.

Leia Também: Cientistas de Coimbra criam produtos à base de algas contra Covid-19

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