A descrição foi feita à agência Lusa por Joana Craveiro, diretora artística do Teatro do Vestido e autora do texto de 'Chegar a Tempo ou Sobre o Desaparecimento', que se estreia na quinta-feira, em Vila Nova de Cerveira, no distrito de Viana do Castelo.
"O espetáculo que estamos a fazer é sobre o desaparecimento, sobre como as coisas se alteram. Isto tem a ver com lugares, mas também com pessoas", indicou Joana Craveiro, explicando que a proposta é refletir sobre o tema "de forma bastante poética".
As coisas vão-se transformando e "há coisas que vamos perdendo nesse caminho", pelo que também isso é abordado.
"O espetáculo fala também um pouco sobre isso, sobre essas nostalgias ou essas faltas que as coisas nos podem fazer sentir. Mas também das coisas boas que se ganham com a transformação e com o progresso", explicou.
Em palco vão estar "três atores que, de certa forma vão criando pequenos teatros, cada um com o seu universo particular de preocupações sobre o desaparecimento", culminando na criação de um museu do desaparecimento de pessoas e de lugares.
De acordo com Joana Craveiro, o desafio feito ao Teatro do Vestido pelas Comédias do Minho, associação cultural que reúne cinco municípios do Alto Minho (Paredes de Coura, Monção, Valença, Melgaço e Vila Nova de Cerveira) era "trabalhar o desaparecimento de lugares que antes eram de agregação e encontro e que se vão transformando, não só porque as condições económicas e sociais vão mudando, mas também porque houve uma pandemia [covid-19] pelo meio, que levou ao fecho de muitos desses lugares".
Partindo desse "manancial de memórias que está muito vivo nas comunidades", o Teatro do Vestido tentou transportá-lo para a sua "forma particular de fazer teatro", através de três atores das Comédias do Minho, que estão também envolvidos no processo de trabalho e de investigação.
"O espetáculo que estamos a fazer é sobre o desaparecimento, sobre como as coisas se alteram. Isto tem a ver com lugares, mas também com pessoas", indicou a diretora artística da companhia.
Para imaginar o que se poderá ver em cena, Joana Craveiro sugere pensar "numa trupe de atores talvez meio feliniana ou meio David Lynch, em que são encenados e reencenados uma série de gestos e hábitos que nos levam a pensar por que razão deixamos desaparecer certas coisas e por que razão não fazemos questão de lembrar outras".
Em palco vão estar três monólogos para cada uma das personagens: "um mágico, um viajante no tempo, e uma outra mulher que aparece ferida de pedras".
O espetáculo tem ainda a "particularidade" de ser dirigido por três criadores do Teatro do Vestido: Tânia Guerreiro, Estêvão Antunes e Francisco Madureira.
"É um modelo diferente dos trabalhos que fazemos porque habitualmente sou eu quem dirige os trabalhos. Desta vez tentamos este modelo, de uma direção feita por estes criadores e eu fico mais na retaguarda", descreveu, a partir de Paredes de Coura, distrito de Viana do Castelo, sede das Comédias do Minho, onde decorrem os ensaios.
A peça estreia-se em Vila Nova de Cerveira, na quinta-feira, onde fica em cena até ao próximo domingo.
Entre 13 e 16 de março passa por Valença e de 20 a 23 do mesmo mês está em Paredes de Coura, antes de chegar a Monção, nos dias 27, 28, 29 e 30.
Em Melgaço, a peça vai estar em cena de 03 a 06 de abril.
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