Governo: Filipe Pires contribuiu para a projeção de Portugal
O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, numa nota de pesar pela morte do compositor Filipe Pires, ocorrida no domingo, afirma que o criador de 'Monólogos' "contribuiu para a projeção de Portugal no estrangeiro".
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Jorge Barreto Xavier recorda as "numerosas obras distribuídas a nível internacional" do compositor português, "das quais se destacam as suas edições eletroacústicas".
Filipe Pires, falecido aos 80 anos, no Porto, é "autor de um vasto reportório, que inclui obras sinfónicas, de câmara, bem como teatro musical e bailado", afirma Barreto Xavier, salientando que o compositor, que também foi pianista e crítico musical, "dedicou a sua vida à criação, divulgação e pedagogia musical, sendo pioneiro na música eletroacústica em Portugal".
"Além da sua obra, notabilizou-se pelas diversas responsabilidades que assumiu, seja enquanto docente dos Conservatórios do Porto e Lisboa, crítico musical, representante no secretariado internacional da UNESCO ou diretor artístico da Orquestra Nacional do Porto", afirma o titular da pasta governamental da Cultura.
Nascido em junho de 1934, em Lisboa, Filipe Pires completou os cursos superiores de Piano e de Composição no Conservatório Nacional, tendo continuado os estudos em Hannover, na Alemanha, e em Salzburgo, na Áustria, de 1957 a 1960, segundo a biografia do Centro de Investigação e Informação da Música Portuguesa.
O também professor visitou os cursos de Darmstadt, na Alemanha, entre 1963 e 1965, onde lecionavam compositores como Pierre Boulez e Karlheinz Stockhausen, e foi, mais tarde, bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Paris, sob direção de Pierre Schaeffer, criador da designada "música concreta".
De volta a Portugal, Filipe Pires deu aulas em diversos estabelecimentos de ensino como os Conservatórios de Música do Porto e o de Lisboa (onde introduziu a disciplina de Eletroacústica), o Conservatório Regional de Braga, além de ter feito parte da equipa fundadora da agora Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo (ESMAE), no Porto.
"É um dos compositores portugueses mais importantes do século XX, foi pioneiro da música eletroacústica em Portugal", disse à Lusa a pianista Madalena Soveral, que interpretou várias das composições de Filipe Pires, e estudou a sua obra.
Também a Casa da Música lamentou a morte de Filipe Pires, recordando que o compositor apresentou, em 2011, uma obra encomendada pela instituição, de nome "Imagens Sonoras".
Madalena Soveral sublinhou que Filipe Pires é dos compositores que possuem "uma linguagem extremamente maleável e musical" e que integrou no seu trabalho "quase todas as técnicas do século XX".
Por seu lado, a professora Maria Teresa Macedo, que fez parte da equipa fundadora da ESMAE, com Filipe Pires, referiu à Lusa que o compositor desenvolveu o seu talento "até se tornar num dos maiores compositores portugueses", ainda que a sua obra não esteja divulgada.
"O Porto deve-lhe muito e os compositores portugueses devem-lhe muito e a música portuguesa deve-lhe muito", declarou a professora.
O funeral do compositor realizou-se hoje, da Igreja da Areosa, no Porto, para Penafiel.
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