Gravações históricas celebram 150.º aniversário de Sibelius
O 150.º aniversário do compositor finlandês Jean Sibelius, que procurou soluções musicais distintas da Segunda Escola de Viena, sua contemporânea, é celebrado com a recuperação em disco de interpretações históricas das suas obras, vindas das décadas de 1950/1960.
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Uma caixa de 11 CD, editada pela Decca, inclui gravações realizadas ao longo de quase 15 anos, de 1950 a 1965, com interpretações do maestro e compositor Anthony Collins, com a Orquestra Sinfónica de Londres (OSL), dos regentes Pierre Monteux, Thomas Jensen e Charles Mackerras, do Quarteto Griller, dos violinistas Jan Damen e Ruggiero Ricci e das sopranos Kristen Flagstad e Birgit Nilsson, entre outros músicos.
As gravações incluídas nesta edição foram efetuadas nos estúdios londrinos da editora, em West Hampstead, ao vivo, nomeadamente no Kingsway Hall, em Londres, e no Concertgebouw, em Amesterdão, entre outras salas europeias, obedecendo a técnicas emergentes que viriam a ser conhecidas por "som Decca", inclusive a mais antiga, "Voces intimae", efetuada em 1950, pelo quarteto de cordas Griller.
Questionado pela Lusa, o maestro Cesário Costa afirmou que Sibelius (1865-1957) foi "um compositor marcante na música do século XX, sendo determinante na criação de uma identidade finlandesa através da música".
Para o maestro português, que já foi diretor artístico da Orquestra Metropolitana de Lisboa e que dirigiu obras do compositor, "apesar da grande qualidade das sinfonias", o que mais admira em Sibelius "são os seus poemas sinfónicos".
"Inspirado no poema 'Kalevala', escreveu páginas sinfónicas fundamentais para a música sinfónica finlandesa", realçou.
Neste conjunto de CD encontram-se algumas das peças inspiradas neste poema épico, nomeadamente a abertura "Karelia", opus 10, pela OSL, dirigida por Collins, e três versões da suite "Karelia", opus 11: pela OSL, dirigida por Alexander Gibson, pela Filarmónica de Berlim, sob a direção de Hans Roshaud, e pela Orquestra Sinfónica da Rádio da Dinamarca, sob a batuta do também compositor Thomas Jensen.
Esta coleção inclui a interpretação das sete sinfonias compostas por Sibelius, por diferentes maestros e orquestras. A série inclui a Sinfonia n.º 2, pela OSL, dirigida por Pierre Monteux e Anthony Collins, da Sinfonia n.º5, há três gravações diferentes, pela Orquestra Sinfónica da Rádio da Dinamarca, com o maestro Erik Tuxen, e pela OSL, sob a direção de Gibson, e Anthony Collins, o maestro mais assíduo nestes 11 CD.
O compositor Sibelius, afirmou Cesário Costa, "procurou encontrar novas soluções relativamente à forma, conseguindo desenvolver um estilo próprio de composição, não acompanhando os novos modelos saídos da Segunda Escola de Viena", protagonizado por compositores como Arnold Schoenberg, Alban Berg e Anton Webern.
Para o maestro português, a maior dificuldade que encontra, quando dirige uma peça do compositor finlandês, "é conseguir mostrar a 'pureza' que Sibelius pretendia com a sua música, tornando-a transparente e cristalina".
O historiador da música Robert Layton, que assina o texto que acompanha esta edição, realça o papel de alguns maestros, nomeadamente Anthony Collins e a OSL, no renovado interesse do público pela obra de Sibelius, logo a partir da década de 1960.
Jean Sibelius é o nome artístico de Johan Julius Christian Sibelius, nascido a 08 de dezembro de 1865 em Hämeenlinna, no então Grã-Ducado da Finlândia, uma região autónoma do Império Russo.
Sibelius acompanhou as aspirações dos seus compatriotas pela independência e a sua música é habitualmente apontada pelos críticos e estudiosos como a identidade musical da Finlândia, que se proclamou como nação em 1917.
Entre as peças incluídas nesta edição está "Finlândia", em quatro interpretações, bem como outras das mais conhecidas obras de Sibelius, como a "Valsa triste", em três gravações distintas, e o Concerto para violino, com Ruggiero Ricci, como solista, acompanhado pela OSL, sob a direção de Oivin Fjeldstad, e o violinista Jan Damen, com a Filarmónica de Londres, sob a direção de Eduard van Beinnum.
"O cisne de Tuonela" é interpretado pela Filarmónica de Berlim, sob a direção de Hans Rosbaud.
Além da integral das Sinfonias, por Anthony Collins e a LSO, há ainda uma segunda versão da 2.ª Sinfonia, pela Orquestra da Ópera de Viena e o maestro Pierre Monteux, e também da 5.ª Sinfonia - com o seu conhecido final -, igualmente pela LSO, mas sob direção de Alexander Gibson.
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