Marcin Dylla diz que o fado influencia sensibilidade portuguesa
O guitarrista polaco Marcin Dylla, o mais famoso dos convidados do Festival Internacional de Guitarra Clássica de Amarante, disse hoje à Lusa que a personalidade musical de Portugal, que elogiou, é influenciada pelo fado.
© Facebook/Marcin Dylla
Cultura Guitarrista
"Eu sei que há alguns guitarristas em Portugal extremamente sensíveis. Quando penso nisso, penso que a cultura do fado que é muito emocional e tem influência também na música clássica", comentou, acrescentando: "Quando olhamos para Portugal, a primeira coisa que nos vem à cabeça é o fado. Em todos os países ensina-se música clássica e algo da personalidade musical do país".
Marcin Dylla é um dos guitarristas mais premiados em inúmeros festivais de nível mundial.
O músico que hoje participou na apresentação do evento de Amarante disse à Lusa já ter estado várias vezes em Portugal para participar em festivais.
"Conheço alguns músicos [portugueses] fantásticos de guitarra clássica", frisou.
De novo sobre o fado, disse conhecer Mariza, porque assistiu a um espetáculo na Polónia.
"Sei que é popular na Polónia e o concerto foi fantástico", exclamou.
Sobre o festival de Amarante, que começa sexta-feira, admitiu ter ficado surpreendido quando recebeu o convite para participar, sobretudo porque desconhecia o evento.
"Estou muito contente e honrado por estar aqui, porque sei que apreciam a guitarra clássica", comentou, numa alusão indireta ao ensino daquele instrumento ministrado no centro Cultural de Amarante, entidade organizadora do evento.
Marcin Dylla regozijou-se com o surgimento de mais um festival de qualidade, como o que se vai realizar em Amarante.
"Fico sempre muito contente quando vejo que há atividade à volta do mundo, com alguns festivais, e espero que este perdure por muitos anos", afirmou.
Recordando ter tocado em vários sítios em Portugal, sublinhou ser "sempre diferente", dependendo de quem organiza o concerto.
"Se houver uma sala de concerto bonita e se houver boa promoção para atrair os amantes da música da cidade, não interessa quão grande é a cidade, é sempre um grande evento", observou.
Questionado sobre as condições acústicas da sala de concertos onde vai decorrer o festival, cujo conforto e beleza enalteceu, admitiu, porém, não ser a mais apropriada para a guitarra clássica, ajustando-se mais ao piano.
Previu, apesar disso, "que as pessoas vão gostar, talvez mais do que os músicos".
A propósito do Centro Cultural de Amarante, que ensina música e dança a cerca de 800 jovens, o guitarrista destacou a importância da arte na natureza humana e na formação da personalidade: "É importante perceber que os humanos precisam da arte e exprimem-se pela arte. Caso contrário, éramos como animais, ganhando dinheiro e consumindo coisas".
Marcin Dylla concluiu que se fosse pai preocupar-se-ia que os seus filhos pudessem fazer uma formação de base de arte musical, "porque é tão bonito".
O Festival de Amarante reúne, pela primeira vez no mesmo evento, quatro grandes nomes da guitarra clássica: Marcin Dylla, Anton Baranov, Rafael Aguirre e Dejan Ivanovic.
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