Nova Iorque 'abre portas' a exposição sobre Aristides de Sousa Mendes
Uma exposição sobre o cônsul português Aristides de Sousa Mendes, com imagens e vídeos inéditos, é hoje inaugurada no Centro para a História Judia de Nova Iorque.
© Reuters
Cultura Cônsul
Denominada "Portugal, a última esperança: os vistos de Sousa Mendes para a liberdade", a exposição poderá ser vista até 09 de setembro.
A iniciativa procura assinalar o 50.º aniversário da condecoração do cônsul português com o título de "Righteous Among the Nations" (Justo Entre as Nações) pela importante organização judaica Yad Vashem.
"Quando seguir regras era a ordem do dia, Aristides de Sousa Mendes recusou ser cúmplice, fosse por conveniência ou complacência, de ataques monstruosos à dignidade humana. O heroísmo agora honrado deve servir de inspiração a outros para que sigam Sousa Mendes nos seus passos teimosamente conscientes e criativos em nome da liberdade", disse o diretor executivo da Federação Sefardita Americana, Jason Guberman.
A exposição resulta da colaboração entre o futuro museu Vilar Formoso - a Fronteira da Paz, que será inaugurado na primavera do próximo ano, o Consulado Português de Nova Iorque e a Fundação Sousa Mendes.
"Apesar de tudo o que já foi feito nas últimas décadas, a luta pelo reconhecimento de Sousa Mendes ainda continua. De alguma forma, os seus atos ainda são muito desconhecidos à volta do mundo", disse à agência Lusa Luísa Pacheco Marques, uma das coautoras do Museu Virtual Sousa Mendes.
A arquiteta, autora do projeto do novo museu de Vilar Formoso, norte de Portugal, teve a iniciativa desta exposição e contou com a ajuda da historiadora Margarida Magalhães Ramalho, a segunda coautora do museu virtual.
"Nos últimos 25 anos, especialmente na última década, Sousa Mendes passou de um desconhecido em Portugal para uma figura celebrada que quase todos reconhecem. Está na altura de fazer esse trabalho fora do país", explicou Ramalho, acrescentando que o museu virtual já tem uma versão em inglês desde o ano passado.
Os visitantes terão oportunidade de ver vistos de famílias salvas, bonecos que as crianças refugiadas traziam consigo, diários de guerra e outros objetos emprestados pela família de Sousa Mendes e famílias de sobreviventes.
A iniciativa contará ainda com vídeo e fotografias inéditas da passagem dos refugiados por Portugal, fornecidas pelo município de Almeida, norte de Portugal, e parte do espólio do futuro museu.
Um desses vídeos foi encontrado por Margarida Ramalho na Cinemateca de Lisboa. Depois de alguma pesquisa, a historiadora descobriu que o autor do vídeo, George Rony, também tinha recebido visto de Sousa Mendes e que era autor de um livro em que, no último capítulo, agradecia a ajuda do povo português.
A história de Rony e da sua família é uma das três histórias que a exposição destaca. Os dois filhos de Rony ainda estão vivos e residem na Califórnia.
Na abertura da exposição, acontecerá ainda uma conversa entre um dos recetores de visto, Jean-Claude van Itallie, e Sheila Abranches-Pierce, neta de Aristides de Sousa Mendes, que será moderada pela presidente da Fundação Sousa Mendes, Olivia Mattis, e um recital de guitarra portuguesa por Pedro da Silva.
Aristides de Sousa Mendes atribuiu, à revelia de António de Oliveira Salazar, o presidente do Governo da ditadura, cerca de 15 mil vistos a refugiados perseguidos pelo regime nazi, em 1940.
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