Marta Pereira da Costa quer "outras respirações" da guitarra portuguesa
O primeiro álbum da guitarrista Marta Pereira da Costa é editado no dia 06 de maio e, com ele, pretende dar "outras respirações à guitarra portuguesa, quer enquanto solista, quer como instrumento acompanhador, não a restringindo ao fado".
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Cultura Guitarrista
Em declarações à agência Lusa, afirmou: "A minha ideia era utilizar a guitarra portuguesa em vários estilos musicais, sendo ela o fio condutor de todo o álbum, interpretando música portuguesa, 'world music', jazz, fado...", realçando a vontade de "fazer uma coisa diferente e não deixar a guitarra portuguesa agarrada ao fado".
"O objetivo era fugir ao estigma do fado e dar dimensão à guitarra portuguesa, que não deve estar só cingida ao fado, dadas as suas características, pois tem uma sonoridade e um timbre muito próprios", disse a música.
O álbum, a editar pela Warner Music, conta com as participações, entre outros, dos portugueses Dulce Pontes, Camané, Rui Veloso, Pedro Jóia e Filipe Raposo, do camaronês Richard Bona e da iraniana Tara Tiba, atualmente a residir na Austrália, por estar proibida de cantar no seu país natal, como explicou à Lusa Marta Pereira da Costa.
Dos treze temas que constituem o álbum, três são de autoria da guitarrista, entre os quais o de abertura, "Terra", e um outro é assinado em parceria com Pedro Pinhal, "Viagem".
Outros compositores são Carlos Paredes ("Canto do rio"), Ariel Ramirez ("Alfonsina y el mar"), Mário Laginha ("Folia") e Pedro Jóia ("Ícaro").
A guitarrista afirmou à Lusa que se sente "mais confiante" a tocar guitarra, mas "está tudo no começo".
A instrumentista afirmou que dedica "oito horas por dia e, até às vezes mais", ao estudo do instrumento, que começou a dedilhar em 2007, mas de forma "mais efetiva, a ponto de abandonar a licenciatura em engenharia", desde 2012.
"Todo o tempo útil que tenho é para dedicar à guitarra portuguesa, até fins de semana e férias", disse
"Ainda há um mundo para aprender e para me sentir confortável e mais confiante em palco, mas o que surgiu foi naturalmente, e estas composições foram surgindo de estímulos e de muito tempo com a guitarra", afirmou.
"Os momentos do quotidiano, nomeadamente a vivência com os meus dois filhos, enriquecem-me e eu também quero passar isso para a música, e este disco é para eles", disse.
Referindo-se a alguns dos convidados, afirmou que Camané, que interpreta o Fado Laranjeira, de Alfredo Marceneiro, com a letra original de J. César Valente, é, para si, "a grande referência do fado" e o seu "fadista de eleição", e faz neste CD uma ligação clara da guitarra ao fado, daí a escolha de uma melodia tradicional.
"A Dulce [Pontes] como o Rui Veloso são as vozes portuguesas que mais adoro, desde sempre, de quem sou fã e que sigo desde pequena. Fazia pois todo o sentido tê-los neste meu disco", justificou.
Dulce Pontes interpreta "É ele que canta em mim", que escreveu e compôs, e Rui Veloso, "Casa encantada", uma letra de Manuela Mendonça, com música sua.
"São dois temas incríveis. O da Dulce é inacreditável, uma letra e música do outro mundo, que pensámos orquestrar, mas ela sugeriu que fôssemos só nós duas, num clima de cumplicidade, enquanto o tema do Rui Veloso tem uma música engraçadíssima a que tentámos dar um balanço de fado", contou.
O convite a Pedro Jóia "foi no sentido de fazer o encontro entre as duas guitarras [portuguesa e guitarra clássica]".
Quanto ao baixista de jazz Richard Bona, de quem se afirmou "uma fã", Marta Pereira da Costa realizou um "workshop" com o músico e "aventurou-se" a convidá-lo, tendo gravado "Encontro", uma música de Rogério Charraz.
"É um luxo ter um músico como Richard Bona no disco", disse a guitarrista, que acrescentou: "Às vezes é preciso ter lata, e aventurarmo-nos, que vale pena".
Com a cantora Tara Tiba gravou "Moon", uma letra de Rumi e música da própria e de Diogo Clemente, o músico que a apresentou a Marta Pereira da Costa.
A guitarrista, de 33 anos, afirmou que tinha vontade ainda de "corrigir, regravando outras coisas", mas afirma-se "orgulhosa" do seu trabalho: "Isto sou eu agora, e vamos deixar que as pessoas oiçam e digam o que acham", rematou.
Este CD "é muito a minha abordagem, o meu som, é a minha alma, é aquilo que quero passar, é a minha interpretação, [o que] sou, e está muito verdadeiro e com uma entrega enorme", afirmou.
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