Projeto 'Não engolimos Sapos' chega a Lisboa com exposição
O projeto 'Não engolimos Sapos' andou pelo país a convencer os comerciantes a retirarem os sapos de loiça dos estabelecimentos contra a entrada de pessoas ciganas e chega hoje a Lisboa com uma exposição de fotografias e sapos "libertados".
© Facebook Não Engolimos Sapos/Rui Farinha
Cultura Preconceito
Em declarações à agência Lusa, o autor das fotografias e mentor do projeto explicou que tudo começou em outubro de 2015, no decorrer de uma formação para profissionais de órgãos de comunicação social, em que um ativista da SOS Racismo perguntou o que cada um poderia fazer no seu local de trabalho em prol da comunidade cigana.
Logo aí surgiu a ideia de fotografar sapos de loiça, que os comerciantes frequentemente têm à porta dos estabelecimentos para evitar a entrada de pessoas ciganas, que começou a ganhar corpo em janeiro de 2016 quando abriram as candidaturas ao FAPE 2016 - Fundo de Apoio à Estratégia Nacional para a Integração das Comunidades Ciganas e com o apoio da SOS Racismo.
"A ideia foi sempre uma ideia proativa e não de crítica ao comerciante, ou seja, sensibilizando-os e não culpabilizando-os", adiantou Rui Farinha.
Entre julho e agosto, visita, com a companhia de vários elementos da comunidade cigana, 44 estabelecimentos comerciais de Braga, Figueira da Foz, Gondomar, Porto e Lisboa, sendo que a primeira visita decorre a 13 de julho a um café da cidade de Braga.
"Entrávamos de t-shirt [branca, com o logótipo 'Não engolimos Sapos'] e as pessoas perguntavam logo se estávamos ali por causa do bicho. Tínhamos um folheto, que líamos, e depois explicávamos a campanha", contou.
Como consequência, conseguiram que em metade dos estabelecimentos visitados fossem retirados os sapos de loiça, ao mesmo tempo que davam uma tabuleta para ser colocada na porta de entrada onde se lia 'Aberto a todos', 'Aberto à diversidade' ou 'Fechado ao preconceito'.
"O resultado foi muito positivo porque nós estávamos à espera de uma percentagem na casa dos 25% e nunca dos 50%, claramente", frisou Rui Farinha.
Em 12 desses estabelecimentos, os comerciantes consentiram que lhes fosse tirada uma fotografia e são essas 12 fotografias que vão estar expostas a partir de hoje e até dia 12 de outubro nas instalações do Alto-Comissariado para as Migrações, em Lisboa.
"A fotografia aqui não funciona tanto como um elemento estético, mas mais como um prémio para todos os comerciantes que aderira, foram sensíveis. É uma memória para o futuro", adiantou.
Além das fotografias, vão também estar expostos 10 sapos "libertados", que os comerciantes dispensaram.
Depois de Lisboa, a exposição segue para o Porto, a 14 de outubro, no Teatro Rivoli, integrada no Festival de Cinema MICAR.
Depois irá passar por Braga, Gondomar, Figueira da Foz, Mafra e Mora, mas ainda sem data definida.
A exposição em Lisboa inaugura às 16:00, com debate entre comerciantes, comunidade cigana e participantes no projeto.
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