Distinção de Bob Dylan foi "uma supresa relativa"
O editor Francisco Vale, da Relógio d'Água, que publicou em dois volumes a poesia de Bob Dylan, de 1962 a 2001, afirmou que a atribuição do Nobel ao poeta e compositor foi "uma surpresa relativa".
© Reuters
Cultura Francisco Vale
"Foi uma surpresa relativa, porque havia outros escritores, mas o Bob Dylan é um grande poeta que soube inserir a poesia nas tradições musicais norte-americanas. Nomeadamente na pop e na folk", disse à agência Lusa Francisco Vale.
Para o editor, esta distinção ao poeta e compositor norte-americano "só revela uma capacidade de atualização da Academia Sueca ao escolher um autor de canções, mas que é um grande poeta".
Bob Dylan "está, de facto, inserido, e muito bem, na tradição poética anglo-saxónica, havendo claro, influências diretas de poetas/cantores como Leonard Cohen, de modo mais imediato, e de outros também, mas toda a grande poesia norte-americana, desde o Walt Whitman ao John Ashbery está muito presente na poesia de Dylan", rematou Francisco Vale.
A Relógio d'Água publicou em 2004 o 1.º volume da poesia de Bob Dylan, 'Canções I', respeitante ao período de 1962 a 1973 e, em 2008, o 2.º, 'Canções II', que reúne poesia de 1974 a 2001, numa tradução para português de Angelina Barbosa e Pedro Serranos.
Os dois volumes encontram-se disponíveis no mercado, não tendo ainda esgotado, disse o editor.
O Prémio Nobel da Literatura deste ano foi atribuído a Bob Dylan, por ter criado novas formas de expressão poéticas no quadro da grande tradição da música americana, como anunciou hoje a Academia Sueca.
Numa curta entrevista após anunciar o premiado, a secretária permanente da Academia Sueca, Sara Danius, explicou que Bob Dylan mereceu o prémio por ser "um grande poeta na grande tradição poética inglesa".
"Ele encarna essa tradição", disse a responsável, lembrando que há 54 anos que o cantor, poeta e compositor se reinventa, criando novas identidades.
Instada a escolher uma canção emblemática do agora Nobel da Literatura, Sara Darius disse que o álbum 'Blonde on Blonde', de 1966, "é um exemplo extraordinário da sua forma brilhante de rimar e do seu pensamento pictórico".
Em Portugal, além da obra discográfica, está também publicado, pela Ulisseia, em 2005, o primeiro volume da autobiografia de Bob Dylan, "Crónicas".
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